Título: Deve sair hoje regra do algodão transgênico
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Agronegócios, p. B10

Está prevista para hoje a publicação, no Diário Oficial, da decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) considerando seguro o plantio de algodão convencional com até 1% de traço de sementes transgênicas. A partir da publicação, a regra torna-se válida para a produção da pluma na safra 2004/05. Segundo a assessoria de imprensa da CTNBio, a resposta à consulta técnica feita pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) apenas admite a existência de contaminação no plantio convencional. Segundo o órgão, a regra visa regularizar a produção e o índice de 1% adotado levou em consideração os níveis de segurança mundialmente aceitos. Levantamento divulgado em setembro pelo Ministério da Agricultura apontou índices de contaminação em lavouras de algodão do Mato Grosso inferiores a 0,5% da área plantada e a CTNBio estima os níveis de contaminação poderiam chegar a 20%, se não fosse imposto um limite. Por se tratar de uma consulta técnica, a decisão da CTNBio independe de aprovação dos ministérios e de consulta pública, embora o assunto tenha sido discutido na Câmara dos Deputados no dia 9. João Carlos Jacobsen Rodrigues, vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), considera a decisão importante para regularizar a situação dos produtores e pode ser um primeiro passo para a liberação da produção transgênica no país. Ele disse que a produção transgênica custa até US$ 130 menos por hectare. A produção convencional tem custo de US$ 1.500 por hectare. "Se não houver reação no preço do algodão [hoje em torno de 42 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York], a área plantada na safra 2005/06 poderá cair 20%". A Conab prevê em 2004/05 área 3,4% maior (1,1 milhão de hectares). Nesta quarta-feira, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados promove audiência pública para debater o papel da CTNBio na liberação de transgênicos.