Título: Volume de negócios salta para 720 mil contratos/dia
Autor: Josette Goulart e Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Finanças, p. C1

A combinação de retomada econômica, volatilidade em alguns dos principais mercados e estímulo ao mercado de "hedge" (proteção financeira) fez com que o volume de contratos negociados por dia na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) saltasse de uma média de 438 mil em 2003 para 720 mil este ano. Os dados - apresentados pelo presidente da instituição, Manoel Félix Cintra Neto, a representantes das corretoras associadas, ontem no Rio - representam um recorde histórico e uma volta a um patamar de negociações que não ocorria desde a crise da Ásia, em 1997. Por outro lado, o volume de margens depositadas em garantia caiu a menos da metade: em dezembro de 2003, esse valor chegou a US$ 25 bilhões e hoje está em U$ 13 bilhões. No seu nível histórico mais baixo, as margens já chegaram a ser de US$ 8 bilhões. Para o próximo ano, Cintra Neto espera lançar novidades, que seguem a estratégia de internacionalização que a BM&F já vem adotando. A principal delas é o índice de ADRs (ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos) e a permissão para que não-residentes possam operá-lo, o que depende ainda de aprovação do Ministério da Fazenda. "Já encaminhamos nosso pleito e estamos aguardando um posição", disse Cintra Neto. O presidente da BM&F aposta ainda num crescimento ainda maior do mercado no próximo ano. "Os mercados de derivativos vêm crescendo a taxas médias de 30% a 45% desde 2001 e o volume negociado nas bolsas de futuros correspondem a cerca de 25 vezes o PIB de alguns países europeus", disse ele. "Aqui no Brasil, o volume negociado na BM&F equivale a nove vezes o PIB brasileiro, o que mostra que ainda há muito espaço para crescer", completou. Para o diretor geral da BM&F, Edemir Pinto, além do aumento das negociações, um bom sinal do otimismo dos agentes do mercado é o alongamento dos prazos, que já começa a ser notado em alguns mercados. "Há indícios de uma liquidez maior em vencimentos mais longos de contratos de DI, por exemplo, o que demonstra uma disposição para o alongamento dos agentes que operam na BM&F", avaliou o diretor. Já Cintra Neto lembra que existe um estímulo mundial para o aumento da proteção de patrimônio, até em função da desvalorização que está ocorrendo do dólar em relação ao euro e a diversas moedas. "O próprio Alan Greenspan já incentivou claramente o 'hedge' na administração financeira de recursos", disse Cintra Neto. Para revitalizar a Bolsa do Rio, ele continua apostando no mercado de contratos de "seqüestro de carbono". "Em janeiro, vamos fazer o lançamento oficial deste projeto, feito em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e que contará ainda com a participação da Fundação Getúlio Vargas", disse Cintra Neto, lembrando que o primeiro passo será o de registrar os projetos de "desenvolvimento limpo" no sistema da BM&F e da Bolsa do Rio. Outro pleito feito ao governo é o de que os próximos leilões de energia sejam realizados, sem custo, na Bolsa do Rio.