Título: Caixa quer destinar R$ 15 bi para financiar habitação e saneamento
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Finanças, p. C2

A Caixa Econômica Federal (CEF) já aumentou em mais de 50% o volume de crédito de alguns segmentos este ano e quer continuar em ritmo forte de crescimento no ano que vem, com ênfase para a habitação. Segundo o presidente do banco, Jorge Mattoso, a Caixa espera chegar, em 2005, aos R$ 15 bilhões em recursos disponíveis para financiamento dos setores de habitação e saneamento, o que representaria um acréscimo de 40% em relação ao orçamento deste ano. Já no crédito comercial para pessoas físicas e jurídicas, a CEF quer ampliar as operações em mais de 30%, segundo informou Mattoso ontem, durante seminário promovido pela Câmara de Comércio Americana do Rio. Segundo o presidente da CEF, os recursos para o financiamento habitacional deve ser aprovado pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em reunião que começa hoje. O montante (R$ 15 bilhões) representa um aumento de 40% em relação ao orçado este ano. Para Mattoso, se somado o valor que os bancos da iniciativa privada deverão colocar disponíveis - cerca de R$ 12 bilhões -, haverá um recorde sem precedentes de dinheiro disponível no âmbito da construção civil. "Essa soma coloca no mercado recursos jamais vistos nessas áreas de habitação e saneamento. Por isso, tudo leva a crer que iremos viver o ano de ouro da construção civil em 2005", disse o presidente da Caixa. O presidente da CEF informou ainda que as operações de crédito comercial da instituição cresceram mais de 50% este ano e que, até novembro, foram liberados R$ 26 bilhões para pessoas físicas e para empresas. "Somente no empréstimo com desconto em folha devemos emprestar R$ 4,2 bilhões este ano, o que representa uma expansão de 145% em relação a 2003", disse Mattoso. Ele prevê ainda uma concorrência mais intensa e um início da pulverização da concessão de crédito imobiliário, hoje concentrado na Caixa, que opera 90% desse mercado. Mattoso lembrou que, em 2004, o setor de construção já gerou 100 mil empregos formais, podendo chegar a 120 mil até o fim do ano, e deve fechar 2004 com 7% de crescimento, um dos melhores resultados já registrados. Com o volume de recursos de 2005, prevê ele, esse número de postos de trabalho diretos gerados pode ser muito maior. De 2003 para 2004, a Caixa já havia elevado o orçamento para habitação e saneamento em 45%. Até novembro, as contratações e repasses nessa área atingiram R$ 8 bilhões. "Em 2003 e 2004 a soma total do orçamento da Caixa ultrapassa o total dos cinco anos anteriores", disse Mattoso. No entanto, o volume total de recursos disponibilizados pela Caixa não será totalmente absorvido pelo mercado. Pelas estimativas de Mattoso, dos R$ 10 bilhões ofertados, apenas cerca de 75% devem ser absorvidos na área de habitação, apesar de o setor de saneamento absorver os recursos integralmente. "Infelizmente a renda não teve ainda a recuperação que prevíamos", disse ele. Com relação ao próximo ano, ele diz que já acredita na reversão desse quadro. Mattoso lembrou ainda que a CEF tem tentado estimular a queda de juros. "Além da forte expansão do crédito, temos buscado oferecer as menores taxas de do mercado", acrescentou. Segundo ele, a Caixa como banco público tem uma responsabilidade social a ser cumprida, "sem deixar de apresentar um resultado financeiro positivo".