Título: Café amplia vendas no país e no exterior
Autor: Genilson Cezar
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Especial Agronegócios, p. F6

Os números comprovam: o brasileiro está tomando mais café e o mundo está tomando mais café brasileiro. Em 2004, o consumo interno do café deve atingir 14,4 milhões de sacas, o que representa um crescimento de 8,5%, bastante expressivo se comparado ao aumento de 1,5% do consumo mundial. Já as exportações repetem, com um pequeno acréscimo, o bom desempenho observado no ano passado - as vendas externas do café brasileiro devem alcançar 26 milhões de sacas este ano (foram 23,5 milhões em 2003), com uma receita que se aproxima de US$ 2 bilhões. Ou seja, US$ 450 milhões a mais que em 2003. "É a maior receita cambial dos últimos seis anos", diz Guilherme Braga, diretor-executivo do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). O momento, portanto, é de recuperação, avaliam os empresários ligados à produção, industrialização e exportação de café no país, decididos a aproveitar a maré positiva para expandir seus negócios através de investimentos pesados em marketing e publicidade, abertura de novas áreas de consumo de café de boa qualidade, interna e externamente, e por meio de aquisições de marcas tradicionais. A produtividade no campo, por exemplo, hoje em torno de 20 sacas por hectares, mais que dobrou. Este ano, o parque cafeeiro brasileiro vai fechar com uma colheita de 39 milhões de sacas, a terceira maior safra de café dos últimos dez anos. Os preços também estão em recuperação. O café tipo 6, o mais comum para os planos de exportação, que chegou a cair a R$ 90,00 em 2002, está atualmente em torno de R$ 270,00 por saca. E as cotações internacionais registram preços quase iguais à média histórica de US$ 100 por saca. "A estratégia agora é tirar o máximo proveito do atual ritmo de crescimento para incentivar ainda mais o consumo e a produção do café no país", diz Nathan Herzskowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), que reúne 8,3 mil empresas na produção e torrefação de café moído em todo o país, responsáveis por vendas em 2004 de R$ 4,2 bilhões. Isso é 10% a mais que o volume registrado em 2003. É um desempenho bastante significativo, analisa Herzskowicz. Segundo maior mercado consumidor de café do mundo (o primeiro são os Estados Unidos, com cerca de 19 milhões de sacas anuais), o Brasil deve fechar 2004 com 14,4 milhões de sacas de café, um aumento de 8,5% sobre 2003. "Essa recuperação foi muito importante, pois vínhamos de um crescimento negativo em 2002 e de apenas 2,6% em 2003", diz o executivo.

Os planos do setor são de expansão. Do lado da indústria, o principal estímulo vem por conta do Programa de Qualidade do Café (PQC), lançado em meados deste ano, com objetivo de melhorar continuamente o café para o consumidor. O PQC tem como meta aumentar o consumo de café no país para 16 milhões de sacas em 2006. Isso vai exigir muito investimento, principalmente em marketing, adianta Herzskowicz. A expansão dos negócios também se faz por meio de investidas em novas frentes de comercialização e ainda por aquisições de empresas. A indústria de Café Santa Clara, uma das maiores de capital nacional, por exemplo, comprou a Pimpinela, tradicional marca do Rio, e a Café Damasco, uma das empresas mais importantes do Sul, com sede em Curitiba (PR), adquiriu a marca Café América, em Salvador, e Café Palheta, no Rio, levando seus negócios para os mercados do Nordeste e do Sudeste.