Título: Laranja espera desempenho igual ao ano passado
Autor: Ana Maria Freitas
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Especial Agronegócios, p. F6

No Brasil, pelo menos dois terços da produção de laranja se transformam em suco e 98% do suco produzido é exportado. Nesta safra, a produção de laranja e suco registra números praticamente iguais aos do ano passado. No mês de outubro, as exportações brasileiras de suco concentrado e congelado atingiram 122.040 toneladas, um aumento de 0,36% em relação ao mesmo período de 2003, quando o volume exportado alcançou o total de 121.600 toneladas. Na safra 2004/2005, desde julho as exportações brasileiras de suco de laranja estão registrando queda de 3,09% em relação à safra passada. Até agora, as exportações dos primeiros quatro meses da safra somam 480.040 toneladas (nos mesmos primeiros quatro meses de 2003/2004 foram de 495.380 toneladas). Os dados são da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), com base no levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A expectativa do setor de sucos com relação à safra corrente é a de que seja pouco maior do que a anterior, o que não é significativo, uma vez que aquela ficou muito abaixo da média. De acordo com Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus, os números totais da safra atual deverão corresponder a 1,3 milhão de toneladas de suco exportado, o equivalente a receitas de US$ 1 bilhão, ou US$ 1,3 bilhão se forem considerados os subprodutos, como farelo de polpa cítrica e óleos essenciais. Os produtores investem num projeto que promete, nos próximos anos, aumentar a produção e a produtividade, diminuindo o número de árvores e a área plantada. Dependendo da área plantada, que tem registrado retração, a produção das árvores também está afeita ao trato cultural e ao clima. Uma árvore dura 20 anos e, para Garcia, o patrimônio do citricultor é a árvore e não a terra. Por isso uma das grandes mudanças no setor se refere à prevista redução da área plantada, à introdução de novas variedades de plantas e à irrigação. O resultado desses investimentos nos pomares somente será conhecido daqui a dez anos. "No início da safra existe uma ansiedade em função de fatores que não se pode controlar, mas com ela transcorrendo normalmente já dá para se ter estimativa mais positiva", diz Ambrósio Amaro, do Instituto de Economia Agrícola. Segundo ele, a própria quebra da safra da Flórida, em função dos furacões, promoverá a normalização dos estoques brasileiros ainda acima da demanda.