Título: Dengue:80% dos brasileiros sob alto risco
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Fonte: Correio Braziliense, 03/09/2010, Opinião, p. 28

Causam preocupação os números divulgados pelo Ministério da Saúde (MS). Nos primeiros sete meses deste ano, registraram-se 942.153 casos suspeitos de dengue. Democrática, a enfermidade não se concentra nas áreas mais carentes do país. A Região Sudeste responde por nada menos que 51% das ocorrências. Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santos são os estados mais afetados.

O Paraná, no Sul, exibe o mesmo quadro de São Paulo.

Mais: segundo dados da mesma fonte, aproximadamente 80% dos brasileiros vivem em unidades da Federação onde se acendeu a luz vermelha.

Em 19, há risco alto ou muito alto de ocorrer epidemia da doença. No Distrito Federal, brilha a luz amarela risco moderado. Os dados compõem novo indicador do MS, que amplia o existente. Emlugar de avaliar apenas o índice de infestação do Aedes aegypti, a pasta considera também outros critérios população, circulação do vírus predominante, histórico da incidência de casos e cobertura de abastecimento regular de água.

Pesquisas podem ser aproveitadas para vários fins. A ora divulgada pelo Ministério da Saúde deve servir, sobretudo, para a tomada de medidas preventivas.

É necessário trancar as portas antes que sejam arrombadas. Impõemse, de umlado, campanhas de esclarecimento capazes de mobilizar a população.

Sabe-se que o transmissor da dengue busca água limpa. Práticas inocentes, como manter pratinho com água sob a planta e pneus transformados em decoração de jardim, constituem fonte de perigo.

Deve-se conscientizar adultos e crianças da ameaça que o lixo moderno representa para ricos e pobres.

Embalagens, garrafas, copos, pratos, bacias, vasos, eletrodomésticos, casca de ovos, cacos de vidro funcionam como depósitos de água que convidam à reprodução do mosquito que transmite a enfermidade. Não só o povo deve eliminar os focos. O governo também precisa se manter atento.

De um lado, ativar os agentes de saúde.

De outro, ampliar a coleta de lixo para áreas da periferia.

Não só. Deve evitar poçastapar as existentes e impedir que se abram novas. Espaços públicos têm de ser constantemente fiscalizados para impossibilitar o acúmulo de água em prédios, lixeiras, calçadas. As medidas não zerarão as possibilidades de ocorrência da dengue.Mas, com certeza, evitarão epidemias. A doença em larga escala, além de sobrecarregar o equipamento hospitalar, debilita o enfermo e rouba vidas