Título: Fabricantes em Manaus têm US$ 2 bilhões de investimentos para 2005
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2004, Empresa, p. B7

Apesar da queda nas exportações, que foram momentaneamente sacrificadas para atender a forte demanda do mercado interno, o pólo industrial de Manaus vive hoje um "boom" de investimentos. Confiantes na manutenção do crescimento econômico em 2005, as empresas da região têm 194 projetos já alinhavados de expansão, que somam US$ 2 bilhões, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Uma nova injeção de otimismo foi dada ontem, com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sancionou a volta do PIS/Cofins à alíquota de 3,65%. Em abril, a taxa havia subido para 9,25%, tirando incentivos de R$ 400 milhões por ano à Zona Franca, nos cálculos de Maurício Loureiro, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam). O clima entre empresários era de euforia. "Devemos contratar de 300 a 400 funcionários no ano que vem", disse Paulo Takeuchi, diretor de relações institucionais da Honda, que acaba de inaugurar sua expansão. É a maior fábrica do Japão, com 5.950 trabalhadores. A companhia está investindo R$ 200 milhões em um centro de distribuição e plataformas de produção. Com isso, sua capacidade instalada subirá de 800 mil para 1 milhão de motocicletas, "em condições normais". Neste ano, a fábrica ultrapassou um pouco essa marca, o que só foi possível com a abertura de um terceiro turno de trabalho e horas extras aos sábados. Em 2005, a Honda espera crescer 6% no mercado interno, do qual detém 83%. As exportações, que devem totalizar 99,7 mil unidades neste ano, podem aumentar até 20% no próximo ano, acredita Takeuchi. O principal destino das vendas são Estados Unidos, mas 68 países diferentes recebem os veículos montados em Manaus. Como a filial brasileira especializou-se em motos "populares", de baixa cilindragem (até 150cc), ganhou até clientes em países mais pobres como Etiópia, Bahrein e Jamaica. Com o aquecimento da economia do país "além do esperado" este ano, os produtores da Zona Franca se viram obrigados a deslocar a produção para o mercado interno. "É o que dá escala às empresas", explica a superintendente da Suframa, Flávia Grosso. As exportações do pólo industrial, que atingiram US$ 1,3 bilhão em 2003, caminham na contramão do restante do país e devem cair para US$ 1,1 bilhão. Mas ela assegura que os empresários já se comprometeram, com a expansão das fábricas, a exportar US$ 1,5 bilhão em 2005. A Infraero inaugurou ontem um terceiro terminal de cargas no aeroporto internacional Eduardo Gomes. O segundo terminal está em reformas e será expandido até o início de 2005. A capacidade de desembaraço do aeroporto aumentará quatro vezes, de três mil para 12 mil toneladas mensais. O terminal poderá operar com três cargueiros e movimentar 330 toneladas simultaneamente. Em Manaus, onde há uma concentração de indústrias de alta tecnologia, o transporte aéreo de cargas responde por boa parte do processo de distribuição. Mas ainda é caro demais e representa cerca de 15% do custo industrial da Microservice, que produz CDs e DVDs. A empresa, que transferiu em junho a produção de São Paulo para Manaus, distribui cerca de 95% das mercadorias por via aérea. A Microservice a produziu 12 milhões de DVDs em 2004, um aumento de 50% sobre 2003. "Estamos preparados para investir mais US$ 5 milhões a US$ 10 milhões se o mercado continuar crescendo na mesma escala", disse o gerente industrial, Giuseppe Tedeschi. A Siemens também está disposta a investir pelo menos R$ 20 milhões em 2005 para ampliar a produção de telefones celulares, disse o diretor industrial, Paulo de Tarso Sandrini. Dependendo das vendas no primeiro trimestre e no Dia das Mães, o valor pode ser maior. A capacidade atual é de 10 milhões de celulares, mas há pouca folga. A empresa já opera com três turnos. São exportados 15% da produção.