Título: UE resiste a novos acordos agrícolas
Autor: De Brasília
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2004, Agronegócios, p. B10

A política de integração da União Européia - com a entrada de dez novos países no bloco - e o desaquecimento da economia americana afastam, pelo menos no curto prazo, a possibilidade de acordos agrícolas europeus com o Brasil. "A UE está com uma política voltada para dentro por conta da entrada dos novos países", disse ontem, em Brasília, Sérgio Amaral, embaixador do Brasil na França, durante o seminário Desenvolvimento do Setor Agropecuário e Inclusão Social. Segundo Amaral, há um movimento na sociedade européia de rejeição aos estrangeiros. "Há uma preocupação na Europa com o deslocamento de recursos de capitais para outros países", afirmou. Nos EUA, citou, indústrias estão transferindo prestação de serviços, como call center, para países asiáticos, por conta da mão-de-obra mais barata. A expectativa para o médio prazo é de que a "agricultura de commodity" na UE esteja condenada. "Os custos europeus de produção são altos. A França está abandonando a agricultura para migrar para o setor agroalimentar". Mas, "no médio prazo, as negociações ficarão mais acessíveis", observou Amaral. Essa percepção ficará mais evidente à medida que os novos países do bloco, como a Polônia, mostram-se mais competentes no campo. No Brasil, as perspectivas de acesso a novos mercados devem ser discutidas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que as negociações da Área de Livre Comércio (Alca) e o acordo Mercosul-União Européia foram frustradas. Não há, nesses dois casos, previsões efetivas de retomadas das negociações, afirmou Donizete Beraldo, chefe do Departamento de Assuntos Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil