Título: Redes sociais voltam a mobilizar contra a corrupção
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/10/2011, Política, p. A6

Ao menos 12 cidades, além do Distrito Federal, registraram protestos contra a corrupção. O maior número de manifestantes foi anotado em Brasília, onde a Polícia Militar contou cerca de 12 mil pessoas. Já em Manaus os manifestantes não passaram de 15.

Na capital federal a manifestação intitulou-se "Segunda Marcha contra a Corrupção". Como a primeira, ocorrida em 7 de setembro, a de ontem foi organizada sem participação de partidos políticos e sindicatos, por intermédio de redes sociais.

"O povo se movimenta para tanta coisa, para tomar cerveja, para ver uma partida de futebol. E por que não se juntar contra a corrupção que é um mal que afeta todo mundo, ricos e pobres?", indagou a idealizadora do evento, Lucianna Kalil.

Portando vassouras como símbolo da necessidade de "varrer" a corrupção do setor público, os manifestantes andaram até o Congresso, onde cantaram o hino nacional. O protesto foi pacífico e deve se repetir em outros feriados. Defende a preservação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça; o voto aberto no Legislativo; e a regulamentação da Lei da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro tema ressaltado na marcha foi o envio de recursos para paraísos fiscais. Em meio aos manifestantes, cinco pessoas vestidas de piratas levavam faixas pedindo que sejam adotadas medidas para evitar o uso da artifícios para sonegar impostos. Edélcio Vigna, assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), fantasiado de pirata, defende uma lei para acabar com o envio de dinheiro para os paraísos fiscais. "Tem que ter lei e fiscalização", disse.

Em São Paulo, cerca de 3.000 pessoas participaram do ato na avenida Paulista, segundo estimativa da Polícia Militar. Além das bandeiras compartilhadas pelos manifestantes brasilienses, os paulistas pediram 10% do PIB para a educação.

Bruno Benfica, analista de sistema, soube do protesto pelo Facebook. Disse apoiar a manifestação, mas criticou a "superficialidade" do ato. Segundo ele, faltava à manifestação fatos concretos contra o que protestar. "Está se cobrando contra a corrupção, mas ninguém sabe do que se está falando exatamente. Político corrupto virou uma generalização, mas o pessoal não se interessa por política efetivamente. Falta a juventude se aprofundar um pouco mais para saber exatamente o que está acontecendo", disse.

Um rapaz foi preso após quebrar, com pedras, vidraças do Mac Donald"s e do HSBC na Paulista. Ele foi levado ao 8º DP e, segundo a polícia, foi identificado como skinhead.

No Rio, segundo os organizadores, o protesto reuniu 2.500 pessoas. Crianças da comunidade Mandela, zona norte do Rio, participaram do ato contra a corrupção em Copacabana.

No Rio Grande do Sul, cerca de 50 integrantes do grupo "Anonymous" se reuniram no parque da Redenção, em Porto Alegre. O grupo "luta contra o que está errado, e a corrupção é o principal motivo de as coisas estarem erradas", segundo um de seus integrantes. Outro grupo presente na manifestação, o Libertários, está reunindo assinaturas para se tornar um partido político, com o objetivo de "diminuir o Estado".

"Nosso objetivo único é reduzir o governo. A gente paga muito imposto, não temos eficiência e eles [os governantes] só ficam atendendo interesses de empresários, interesses próprios", diz Leopoldo Castilho, 23, um dos integrantes do grupo.

Em Goiânia, segundo a PM, 2.500 pessoas participaram da marcha. Em Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Salvador, as marchas foram mais reduzidas, não ultrapassando 500 pessoas.