Título: Brasil tem destaque na web
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2004, Empresas, p. B-4

O Brasil é o país em desenvolvimento com maior número de endereços da internet, refletindo a crescente utilização da rede mundial de computadores no país. É o que revela um relatório sobre "comércio eletrônico e desenvolvimento", publicado ontem pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O número total de "hospedes" na internet no mundo aumentou 35,8% em um ano e supera 233 milhões. A maioria tem nomes de domínio genéricos de primeiro nível (TDL), como .net ou .com, não sendo ligados a uma área geográfica e sendo difícil estabelecer proporção por país. Quanto aos nomes de domínio genéricos correspondendo a países em desenvolvimento, o Brasil com o .br está em primeiro lugar, seguido de Taiwan (.tw), do México (.mx) e de Cingapura (.sr). O endereço .br aumentou 41% em um ano, até janeiro ultimo, com 3,4 milhões de endereços, superior ao de países industrializados como Austrália (.au) e França (.fr). Os países em desenvolvimento tinham mais de 36% dos 685 milhões de usuários da web até o final de 2003. Mas seus internautas estão concentrados em cinco países: Brasil, China, Índia, México e Coréia do Sul, somando mais de 60% do total. A expansão dos usuários de internet está ocorrendo nos países em desenvolvimento, com 17,6% no ano passado, comparado à estabilização (2% de aumento) nas nações industrializadas. É portanto onde os consumidores mais vão continuar comprando ou trocando computadores, por exemplo. No Brasil, o número de internautas aumentou 186% entre 2000-2003, inferior à evolução de mais de 200% da Colômbia, México e Peru. Dois dados são usados pela Unctad como indicadores da evolução do comércio eletrônico: primeiro, a existência de mais de 51 milhões de websites no mundo até junho, 26% a mais do que no ano passado. E segundo, os sites utilizando protocolo de segurança (SSL), para garantir a segurança das transações, aumentou 56,7% em um ano, até abril. Desta vez, porém, a entidade evita cifras sobre o comércio eletrônico, sob o argumento de que eles não são confiáveis. Curiosamente, nos anos anteriores a Unctad chegou a prever a estratosférica cifra de US$ 12 trilhões para o e-commerce até 2006. A entidade constata que a propagação do uso da internet entre pequenas e médias empresas do mundo em desenvolvimento não vem sendo acompanhada do comércio eletrônico, sobretudo por falta de competência administrativa e técnica. Neste ano, o relatório dedica um amplo capitulo "às chances" dos músicos de países em desenvolvimento, principalmente do Brasil, de adotarem as tecnologias digitais e da internet para propagar suas obras pela web.