Título: Teles avançam com serviços integrados
Autor: Moreira,Talita
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2011, Empresas, p. B3

As operadoras Claro, Embratel e Net lançaram ontem uma oferta combinada de serviços de telefonia fixa, celular, banda larga e TV por assinatura. Foi a primeira ação conjunta dos três braços do grupo América Móvil, do mexicano Carlos Slim, no mercado brasileiro.

Paralelamente, a Telefônica anuncia hoje o lançamento de sua operação de telefonia fixa fora do Estado de São Paulo, apurou o Valor com fontes a par do assunto. Para isso, a empresa vai usar a infraestrutura da Vivo, operadora de celular que foi recentemente incorporada pelo grupo espanhol.

Os dois casos são os exemplos mais recentes do processo de consolidação dos serviços de telecomunicações em torno de grandes grupos, capazes de oferecer diversas tecnologias.

Não se trata de um fenômeno novo, mas ele ganhou fôlego renovado neste ano por conta de movimentos societários, inovações tecnológicas e mudanças no ambiente regulatório.

"Nossos clientes nos pediam uma solução de telecomunicações completa", afirmou o presidente da Claro, Carlos Zenteno, numa apresentação à imprensa ontem.

Com preços de R$ 399,90 até R$ 699,90, os planos anunciados pelo grupo vão exatamente nessa direção. Ao reunir serviços como telefonia fixa e móvel, banda larga fixa e móvel, acesso a redes Wi-Fi e TV em alta definição, a proposta é fazer da América Móvil o único provedor de telecomunicações do assinante.

A oferta combinada, entretanto, só foi possível porque as três operadoras avançaram na integração de suas estruturas. Embora continuem operando como empresas separadas, com marcas separadas, Claro, Embratel e Net passaram a compartilhar a gestão de suas redes e estão investindo em uma plataforma baseada em protocolo de internet (IP) para unificar a infraestrutura de cada uma. O atendimento aos assinantes dos novos planos será feito por meio de uma central única e chegará à casa do assinante uma só conta.

No mercado, é grande a expectativa de que o próximo passo seja a integração societária das três empresas. Falta, para isso, a Embratel assumir o controle acionário da Net, hoje nas mãos das Organizações Globos. A transferência, possível com a aprovação do projeto de lei 116 no Senado (PLC 116), já está prevista e o pedido de autorização para fazê-la será encaminhado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nos próximos dias. A Globo permanecerá no bloco de controle da Net, mas terá participação minoritária.

"Essa é uma parceria comercial. Quando chegar a hora correta, os acionistas deverão pensar no assunto", disse o presidente da Net, José Félix.

Segundo o presidente da Embratel, José Formoso, não está definido se as três companhias vão se juntar em uma única empresa: "Não é o único modelo possível."

A consolidação societária foi o caminho escolhido pela Telefônica para avançar na integração de serviços. Recentemente, os acionistas aprovaram a incorporação da Vivo pela antiga Telesp, reunindo numa só empresa todas as operações de telefonia do grupo espanhol. A expectativa é de que a união proporcione sinergias de R$ 8,2 bilhões a R$ 10,2 bilhões à companhia nos próximos três anos.

Antes da integração societária, a Telefônica já ensaiava a convergência entre serviços de telefonia fixa e móvel. Mas, a partir da incorporação da Vivo o movimento ganhou outra proporção. O lançamento da telefonia fixa fora do mercado paulista - que será anunciado hoje no Rio Grande do Sul - será o primeiro grande passo nesse sentido. É provável que, na sequência, a companhia também comece a oferecer TV por assinatura em todo o país, acirrando a concorrência com a Oi e com os mexicanos.

Com atuação nacional, a Oi já oferece, há alguns anos, planos que combinam telefonia fixa, celular, internet e TV. Batizado de Oi Conta Total, o produto tem 1,4 milhão de assinantes. "O aumento da competição não preocupa. A convergência traz suas dificuldades, como a unificação do atendimento e de sistemas e nós já passamos por isso", observou o diretor de produtos e mobilidade da companhia, Roberto Guenzburger.

De qualquer forma, a Oi está reforçando sua oferta. Neste mês, o serviço de TV passou a contar com canais da Globo, que antes não eram oferecidos.

No mês passado, foi a vez de a GVT estrear na TV paga, complementando a oferta de telefonia fixa e banda larga que a tele do grupo francês Vivendi tinha no país.

Entre as grandes operadoras, a TIM é a única que ainda não estreou na convergência, mas já tem planos para isso. Adquiriu a Atimus, empresa de infraestrutura de telecomunicações do grupo AES, e vai assumi-la até o fim do ano. Com isso, a operadora celular vai entrar na disputa pelo mercado de banda larga residencial em São Paulo e no Rio. Nesta semana, a TIM captou R$ 1,7 bilhão numa oferta primária de ações. (Colaborou Heloisa Magalhães, do Rio)