Título: BC fez compras reduzidas de dólar para reforçar as reservas externas
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2004, Finanças, p. C-2

O Banco Central fez compras de dólares em volumes reduzidos na semana passada, quando retomou os leilões de aquisição de moeda estrangeira para fortalecer as reservas internacionais e forçar a alta da cotação do dólar. Em 6 de dezembro, dia em que a mesa de câmbio do BC voltou a ativa, foram adquiridos menos de US$ 10 milhões. No dia seguinte, a aquisição ficou em torno de US$ 70 milhões. São valores bem menores que os das intervenções de janeiro passado, quando a autoridade monetária chegou a comprar perto de US$ 400 milhões em um só dia. Com compras de US$ 70 milhões por leilão, o acúmulo de reservas internacionais no mês seria de cerca de US$ 800 milhões, caso seja mantida a freqüência de três leilões por semana. Em janeiro passado, o BC adquiriu US$ 2,6 bilhões. Paralelamente à ação do BC, o Tesouro Nacional também vem comprando dólares para honrar compromissos da dívida soberana que vencem até junho de 2005. O BC mantém a prática de não informar os volumes de dólares que adquire a cada leilão. Mas o valor diário das intervenções pode ser estimado a partir de dados divulgados ontem sobre a base monetária. As compras de dólares pelo BC injetam reais na economia, ampliando a base monetária. Até o dia 10 de dezembro, as operações do setor externo injetaram R$ 225 milhões, equivalente a uma compra de cerca de US$ 80 milhões. É um valor relativamente modesto, se comparado com a sobra de dólares no mercado de câmbio no período. Até 10 de dezembro, o câmbio contratado registrava um superávit de US$ 1,211 bilhão. Devido à diferença entre critérios estatísticos, os números não são diretamente confrontáveis (o movimento de câmbio é dado pelos volumes contratados, enquanto a base monetária é impactada pelo câmbio liquidado), mas dão idéia da atuação tímida do BC. Como o BC interveio de forma quase simbólica nos dois primeiros dias de dezembro, o impacto negativo sobre a liquidez na economia é apenas marginal. A expansão monetária, de R$ 225 milhões, foi mais do que compensada pelo superávit primário do Tesouro Nacional no período, que chegou a R$ 1,225 bilhão. O mercado de câmbio está superavitário em dezembro em virtude do bom fluxo no segmento financeiro, por onde ingressam, entre outros, dólares das captações privadas. O saldo acumulado no mês encontrava-se em US$ 56 milhões até o dia 10. É a primeira vez que o segmento financeiro tem fluxo positivo desde janeiro, quando fora superavitário em US$ 975 milhões. A sobra de dólares em mercado que não foi absorvida pelo BC foi parar nos bancos. Os dados do movimento de câmbio sugerem que o conjunto dos bancos desmontou a posição vendida, que somava US$ 948,6 milhões em novembro, e tende ao equilíbrio.