Título: CNI prevê crescimento de 3,7% em 2005
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 17/12/2004, Brasil, p. A-5

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou ontem uma série de projeções econômicas para o ano que vem, em que prevê um crescimento de 3,7% para o Produto Interno Bruto (PIB). A indústria de transformação repetiria o bom desempenho observado em 2004 e seria o maior indutor desse crescimento, contribuindo com uma expansão de 5,5%. As projeções fazem parte de uma edição especial do Informe Conjuntural, publicação trimestral da entidade com análises setoriais. Segundo o documento, divulgado pelo presidente da entidade, Armando Monteiro, o consumo privado e os investimentos serão "os motores" do crescimento no ano que vem, substituindo, em parte, o dinamismo verificado nas exportações ao longo deste ano. "A perda de intensidade (no crescimento econômico) se deve em grande medida à menor contribuição do setor externo, com a redução do ritmo de expansão das exportações e o aumento das importações", declarou Monteiro. "De uma contribuição líquida de 0,9 ponto percentual em 2004, o setor externo passará a uma contribuição negativa (de 0,5 p.p.) em 2005", demonstra o documento. Apesar dessa projeção menos otimista para o setor externo, a CNI acredita que a balança comercial brasileira deverá registrar um superávit de US$ 28,5 bilhões em 2005 - um recuo em relação a 2004, que deverá atingir um saldo positivo de US$ 32 bilhões. A corrente total de comércio ultrapassaria US$ 170 bilhões, fruto de exportações de US$ 100,2 bilhões e importações de US$ 71,7 bilhões. No caso das exportações, a redução do ritmo de crescimento (que foi de 30% em 2004 e, pelas projeções, ficaria em 4,4% no ano que vem) reflete a desaceleração da economia mundial, o aquecimento do mercado doméstico e a valorização da taxa de câmbio. "O aumento das importações se justifica pela expansão da atividade doméstica, principalmente no caso de insumos e produtos intermediários", justificou a CNI. Para o câmbio, CNI projeta um valor médio anual em torno de R$ 3,00 por dólar. A redução do saldo comercial trará impactos no superávit em conta corrente. Ainda segundo o cenário vislumbrado pela confederação, o superávit irá cair dos US$ 9 bilhões em 2004 para cerca de US$ 3 bilhões. Em relação aos investimentos privados, a CNI aposta em uma redução gradual da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) ao longo do ano que vem, para um patamar próximo de 7% em dezembro. "A definição de novas regras para a participação dos capitais privados, caso das Parcerias Público-Privadas (PPPs), devem também alavancar um ritmo mais elevado dos investimentos privados em infra-estrutura", diz o relatório. "No geral, a formação bruta de capital fixo deverá crescer 8,7%, com leva aumento na taxa de investimento, que irá se aproximar de 20% do PIB".