Título: PSD aproxima Colombo do Planalto
Autor: Pitthan, Júlia
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2011, Política, p. A8

O governador Raimundo Colombo chegou ao cargo em janeiro como um exemplo de força política do DEM no Sul do País. Eleito no primeiro turno com 52% dos votos por uma forte aliança com PMDB e PSDB, ele já evitava um discurso de confronto com o governo federal logo após a posse. A mudança para o PSD, o novo partido fundado pelo prefeito Gilberto Kassab, aproximou o político do Planalto. Na prática, Colombo não chegou a fazer a oposição que se esperava de um governador eleito pelo DEM.

"Eu tenho convicção de que briga política não constrói hospital, ponte, creche. Eu tenho as minhas opiniões, mas elas não têm raiva, não querem encontrar culpados. Eu não quero mudar as pessoas ou partidos, quero mudar a maneira de fazer as coisas", disse Colombo em entrevista exclusiva ao Valor. Para o governador, a fundação do novo partido foi uma resposta positiva à sociedade que esperava mudança no cenário político brasileiro.

"Eu tinha harmonia dentro do meu partido, tinha o apoio de todos. Tinha ganhado a eleição no primeiro turno, mas me sentia incoerente. Falar que faria tudo novo, mas não ter coragem para tentar construir isso", disse o governador. A mudança de partido e a postura de diálogo de Colombo garantiram um trânsito mais harmonioso no Palácio do Planalto, mas ele garante que o objetivo não era essa aproximação.

"Não foi essa a minha intenção (mudar de partido para se aproximar da Presidência). Eu realmente estou descontente com a política brasileira. Acho que a prática está desgastada, desmoralizada junto à sociedade e queríamos uma prática nova. Eu achei que seria mais coerente com o meu sonho ir para um partido novo", disse.

Para Gelson Merísio (PSD), presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, a mudança partidária do DEM para o PSD foi estratégica para a condução do governo. "Foi uma mudança radical para melhor. O DEM tinha se distanciado muito do nosso jeito de fazer política partidária. Agora, temos um fluxo de diálogo com o governo federal muito mais despressurizado", disse o deputado da bancada governista no Estado.

Para o deputado Dirceu Dresch (PT), líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, o maior impacto político no Estado não veio da mudança de sigla do DEM para o PSD, mas da adesão da bancada do PP no Legislativo à base do governo. O partido era rival histórico do PMDB. Com isso, a bancada de oposição ficou com apenas 7 membros contra 33. Nenhum projeto vindo do Executivo foi negado pela Casa este ano.

Apesar de acumular experiência de três mandatos na prefeitura de Lages, cidade que está entre as dez principais do Estado, a chegada ao governo do Estado se mostrou um novo desafio para o político que vinha do Senado Federal. Os três primeiros meses foram de avaliação da máquina administrativa, contenção de gastos e investimento e avaliação de prioridades. O período passou a imagem de inoperância para a oposição.

"O governo levou muito tempo para começar a trabalhar", avalia Dresch. "Ele ainda não conseguiu mexer nas grandes questões que a sociedade clama e que foram objeto na campanha, como saúde e segurança", disse o deputado.

Para Gelson Merísio (PSD) o ritmo mais desacelerado na condução dos assuntos de governo no primeiro ano de Colombo foi providencial para que o político aprendesse o ritmo da máquina. "Foi um ano de aprendizado. Estávamos acostumados com o ritmo do Luis Henrique da Silveira, que já estava no sétimo ano de governo, e o Colombo adotou um ritmo mais ameno para conhecer a máquina e as verdadeiras prioridades", disse Merísio.

A greve dos professores pela incorporação do piso nacional da categoria, que se estendeu por mais de dois meses e eclodiu quando Colombo estava em viagem internacional, é apontada por oposição e situação como o grande desafio de gestão no primeiro ano de gestão. A pouca experiência de Colombo com o funcionamento da máquina estadual teria resultado na extensão da paralisação.