Título: Desaceleração nos EUA e China pode afetar Brasil
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/12/2004, Brasil, p. A-6
O Brasil pode ter a expansão de suas exportações afetada em 2005, a julgar pelo quadro desenhado ontem pela Organização Mundial de Comércio (OMC) sobre a evolução das trocas internacionais. A entidade vê riscos de desaceleração em 2005 das economias dos EUA e da China, responsáveis por metade do crescimento do comércio global nos últimos doze meses. A OMC também estima que, mesmo uma "aterrissagem suave" da economia chinesa, que significaria crescer entre 7 e 8%, terá efeitos "desconfortáveis" para parceiros que têm apoiado sua expansão econômica nas exportações - como é o caso do Brasil, Japão e outras economias asiáticas. Ao apresentar o documento aos países-membros, ontem, o diretor-geral da OMC, Supachai Panitchpakdi, exemplificou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) já reviu sua previsão de crescimento global para "menos" de 4,3% em 2005. Para o comércio internacional, a entidade reviu a taxa de 9% para 7,5%, comparada aos 8,5% estimados pela OMC para este ano. A alta do preço do petróleo influenciou a revisão, mas os bancos centrais dizem que seu efeito pode ser menos importante para o crescimento econômico e a inflação do que nos anos 70. Para a OMC, os déficits americanos do comércio e das contas correntes podem suscitar atitudes protecionistas para conter importações, e se tornarem um fator de tensão nas relações econômicas internacionais. Já avaliação da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países ricos, é de que os déficits americanos continuarão crescendo e os americanos, comprando enormemente do resto do mundo. Com relação à China, o que a OMC chama de ´´aterrissagem suave´´ é justamente o que Pequim anunciou como revisão otimista de sua meta oficial para o crescimento no ano que vem, de 7% para 8%, comparado a 9% este ano. O outro lado da moeda é que uma redução do crescimento na China e nos EUA, os dois maiores consumidores mundiais de petróleo, diminuiria a pressão sobre o preço da commodity e de outras matérias-primas e poderia conter a pressão por elevação dos juros. Para o ano que vem, continuam as preocupações também com o Japão e a zona do euro, estagnadas. A situação das finanças dos seis grandes países industrializados - EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, França e Itália - também suscita preocupação.