Título: Nestlé afirma ter investido mais de R$ 100 mi na Garoto
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 16/11/2004, Empresas, p. B3

A Nestlé investiu R$ 105 milhões na Garoto desde que comprou a empresa, em fevereiro de 2002, por R$ 570 milhões. Em marketing, segundo Carlos Faccina, diretor da Nestlé, a empresa investiu R$ 60 milhões entre o ano passado e este ano. O restante foi investido em processos de produção e treinamento dos funcionários. De acordo com a Nestlé, desde que foi comprada, a Garoto saiu do vermelho, aumentou o número de funcionários e os pontos-de-venda. "Hoje, a Garoto é uma empresa com valor de mercado superior ao que foi comprada em 2002, quando ela vivia uma situação pré-falimentar", disse Faccina. A empresa, contudo, reforça seu interesse pela Garoto e diz que vai lutar pela empresa capixaba até na Justiça. "Estamos esperando a publicação do acórdão para analisar as alternativas que temos." No acórdão, o Cade vai designar uma instituição financeira que irá auditar a empresa, avaliar os ativos e estabelecer um preço para a companhia. As empresas interessadas terão acessos às informações no chamado "data-room" e, aí sim, poderão fazer uma oferta concreta pela companhia. Quando foi comprada, a Garoto vivia o auge de uma crise , que havia começado em 1998, com o desentendimento da família fundadora da empresa. Com a cisão do grupo controlador e mudanças no comando, a Garoto estava no vermelho: em 2001 teve um prejuízo de R$ 11,4 milhões, e em 2002, o prejuízo foi de R$ 10,4 milhões. Segundo a multinacional suíça, no ano passado a Garoto teve lucro de R$ 38,9 milhões. O faturamento no ano passado atingiu R$ 858 milhões, contra R$ 598 milhões em 2001. O número de países para os quais a Garoto exporta saiu de 35 para 56 e o número de funcionários subiu de 2.361 para 2.537 em julho deste ano. Ainda de acordo com a Nestlé, o número de pontos-de-venda, que era de 265 mil, hoje está em 280 mil. Uma das informações que circulam no mercado é que a Nestlé teria usado a Garoto nesse período como marca de combate, ou seja, num patamar mais popular que as marcas da Nestlé. Segundo Faccina, a administração das duas empresas foi mantida separadamente, assim como suas equipes de vendas. "Eles mantém sua agressividade comercial", afirma o diretor da Nestlé. Outra dúvida que paira no mercado diz respeito a como ficará a Garoto se a Nestlé for para a Justiça - considerada a pior alternativa possível - e o caso demorar alguns anos para ser resolvido. "Já pagamos pela empresa, é um patrimônio nosso, e não temos motivos para deixar de investir", diz.