Título: Uruguai faz queixa formal contra Thompson-Flores
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/11/2004, Brasil, p. A4
A disputa entre o Brasil e o Uruguai pela direção-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC) está no centro de uma queixa formal feita por Montevidéu junto ao atual diretor da entidade, Supachai Panitchpakdi. Refletindo a enorme sensibilidade nessa disputa que divide a América Latina, o governo uruguaio reclamou de uma entrevista dada ao Valor pelo diretor-adjunto da OMC, o brasileiro Francisco Thompson-Flores, quando o Itamaraty anunciou a candidatura do embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa, há três semanas. Na ocasião, Thompson-Flores disse que "há consenso sobre a atitude equilibrada e construtiva de Seixas Corrêa para levar adiante o processo negociador e isso é reconhecido entre interlocutores grandes e pequenos aqui". Indagado ontem sobre o motivo da reclamação, o embaixador uruguaio junto à OMC, Guillermo Villas, retrucou: "Não vou comentar". A disputa pelo cargo de xerife do comércio mundial está esquentando. Para certas fontes em Genebra, a eleição do candidato da Frente Ampla, Tabaré Vasquez, para presidente do Uruguai, pode "esfriar" a candidatura de Perez del Castillo, mas o país dificilmente poderia retirar o candidato. Por sua vez, em entrevista à publicação especializada americana "Bureau of National Affairs" (BNA), o embaixador Villas declarou que Perez del Castillo já tem o apoio escrito de alguns membros do G-20, o grupo liderado pelo Brasil na negociação agrícola. Trata-se da Bolívia, Chile, Guatemala, Paraguai e Indonésia. Além disso, Valles nota que o ministro Rafael Bielsa, da Argentina, confirmou publicamente apoio a Castillo. Ao mesmo tempo, o grupo de países da África, Caribe e Pacífico está apoiando a candidatura do ministro de Comércio e Relações Exteriores de Ilha Maurício, Jayakrishna Cuttaree. Mas a grande expectativa é sobre a provável candidatura de Pascal Lamy, atual comissário de Comércio da União Européia. O presidente francês, Jacques Chirac, que não gosta de Lamy, já teria declarado que não vai se opor à candidatura do conterrâneo. Ontem, Supachai disse que não há nenhuma regra escrita na OMC de que seu sucessor deva vir de país desenvolvido ou em desenvolvimento. Contra as evidências, Supachai acha que desta vez "será mais tranqüilo". Os candidatos devem ser apresentados até o mês que vem. A seleção está prevista para ocorrer até o mês de maio. (AM)