Título: Eleitos negociam apoio de vereadores
Autor: Sérgio Bueno, Vanessa Jurgenfeld, Marli Lima, Patr
Fonte: Valor Econômico, 03/11/2004, Política, p. A10

Os prefeitos recém-eleitos das maiores capitais do país não deverão ter problemas para obter o apoio das Câmara Municipais. Em Curitiba, antes mesmo da vitória, o prefeito eleito Beto Richa (PSDB) já conquistara o apoio de 24 dos 38 vereadores. PT ocupará três cadeiras. O PMDB do governador Roberto Requião, que apoiou Vanhoni, terá quatro. Agora, Richa espera garantir a simpatia de 30 vereadores (ou 79% do total), já que partidos que ficaram neutros ou apoiaram Angelo Vanhoni (PT) poderão engrossar a base. "Dá para ter dois terços ou três quartos do total. E eles serão imprescindíveis para nos apoiar e ajudar nos projetos que temos para a cidade", afirmou o eleito no domingo. Em Porto Alegre, a relação de José Fogaça (PPS) com os vereadores também deverá ser tranqüila. Os partidos que o apoiaram conquistaram 23 das 36 cadeiras. Segundo a análise do professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, André Marenco, a maior dificuldade de Fogaça será controlar, a partir do pequeno PPS, a coalizão de 12 partidos, para imprimir uma "marca" única na administração: "É uma situação delicada porque o PT sai da administração mas não com uma avaliação negativa da população", disse Marenco. O PT perdeu duas vagas, mas tem a maior bancada, com oito vereadores. Somados os aliados do PT, a Frente Popular aumentou de 12 para 13. Na capital baiana, a coligação "Salvador no Coração" garantiu a João Henrique Carneiro (PDT) o respaldo de 25 dos 41 vereadores. "Estamos também conversando com outros três ou quatro nomes", contabiliza Nestor Duarte, presidente do diretório estadual do PSDB. A bancada do PDT será a maior, com seis representantes; PT e PFL terão cinco cada. Os pefelistas já deixaram nas entrelinhas que farão jogo duro com o novo governo. No Recife, o prefeito reeleito, João Paulo (PT) conta com uma maioria folgada: 22 dos 36 vereadores. O partido elegeu oito vereadores. O PTB sofreu mais perdas, com a diminuição de quatro vereadores. PPS e PDT não terão representantes. A situação pode ser menos tranqüila em Florianópolis. O governo de Dário Berger (PSDB) vai enfrentar uma Câmara em que a oposição tem maioria. O PSDB tem apenas três nomes, enquanto o PP e o PFL, da chapa do opositor no segundo turno, Francisco de Assis, têm dez. Entretanto, lideranças políticas locais acreditam que a origem de Berger no PFL poderá ajudá-lo. O próprio Berger está otimista. "Não acho que terei dificuldades. Até pelo relacionamento que tenho com o pessoal do PFL". Em São Paulo, o tucano José Serra poderá ter mais dificuldades. O PSDB tem o mesmo número de cadeiras que o PT e os dois partidos buscam os sete vereadores do PTB.. Os vereadores tucanos eleitos aumentaram de oito para 13, enquanto os petistas diminuíram de 18 para 13.