Título: Varig faz nova proposta de pagamento à Infraero
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2004, Brasil, p. A2

A Varig apresentou uma nova proposta de renegociação de suas dívidas de R$ 148 milhões com a Infraero, estatal que administra os aeroportos do país. Sob ameaça de sofrer uma ação judicial pela falta de pagamento de taxas aeroportuárias, a companhia entregou oferta "um pouco melhor do que a anterior", mas deixou de lado um ponto considerado essencial nas discussões, segundo o diretor financeiro da Infraero, Adenauher Figueira Nunes: a quitação imediata de pelo menos 15% a 20% da dívida, acumulada neste ano. De acordo com Nunes, a Varig reconheceu que está "impossibilitada" de fazer esse pagamento à vista, por problemas de geração de caixa. O ponto positivo é que a companhia apresentou "uma alternativa" à emissão de debêntures com base na venda futura de passagens aéreas, acrescentou o diretor da estatal. Prudente, a Infraero pediu "garantias reais" para o pagamento da maior parte da dívida em 30 parcelas - o parcelamento foi um pedido da Varig que a estatal admitiu negociar. A nova proposta da Varig será submetida ao conselho de administração da Infraero, que se reúne amanhã. O encontro estava inicialmente agendado para hoje, mas foi adiado por um dia para atender à agenda do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, que também preside o conselho. Em última instância, será ele quem decidirá se será aberta uma ação para cobrar na Justiça a dívida da Varig. O caso da Vasp também será analisado pelo conselho. A companhia deve R$ 11,6 milhões à Infraero em taxas não-pagas desde julho. Negociou o pagamento do débito em três parcelas, até dezembro, mas deu um calote na Infraero. No último dia 30, deveria ter pago a primeira prestação, de R$ 1,154 milhão, mas depositou apenas R$ 154 e prometeu pagar o restante até hoje. Se não houver entendimento, a Infraero não vê alternativa a não ser a cobrança judicial da dívida, disse Nunes. O problema é que, além das dívidas recentes, a Vasp também acumula um débito de cerca de R$ 750 milhões, por taxas não-pagas ao longo dos anos 90. A dívida foi negociada, mas a companhia está inadimplente. A Varig também deve outros R$ 223 milhões, mas está em dia com o pagamento.