Título: Pernambuco atrai pólo de poliéster de US$ 800 mi
Autor: Patrick Cruz e Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2004, Empresas, p. B5

A Petrobras e o Gruppo Mossi & Ghisolfi (M&G), da Itália, devem instalar um complexo indústrial em Pernambuco batizado "pólo de poliéster". O projeto inclui uma unidade de embalagens PET, com capacidade para 450 mil toneladas anuais, e outra para produção do ácido teraftálico purificado (PTA), matéria prima utilizada na produção do poliéster. O anuncio foi feito na sexta-feira pelo ministro da Saúde, Humberto Costa. O investimento estimado é de US$ 800 milhões e as unidades industriais devem entrar em operação em 2007. Costa declarou que o grupo italiano pretende implantar uma fábrica de PX (paraxileno), matéria-prima para produção do PTA nas proximidades de uma refinaria da Petrobras, cujo local ainda não foi definido. Com isso, os investimentos do grupo no País chegarão a US$ 1,7 bilhão. O ministro disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá vir ao Estado na quarta-feira para assinar o protocolo de intenções. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Alexandre Valença, o anúncio dos investimentos da Petrobras e do grupo italiano se deve em grande parte ao investimento feito em infra-estrutura no Estado. Desde 1999, foram gastos nessa área um total de R$ 1,3 bilhão. Os recursos foram destinados prioritariamente à recuperação de acessos rodoviários, no Aeroporto Internacional dos Guararapes e no Complexo Industrial e Portuário de Suape. Em outubro, a Arcor anunciou que investirá R$ 230 milhões, nos próximos três anos, na produção de balas, chicletes e pirulitos. Além da proximidade maior com o mercado regional, a empresa pretende utilizar o Porto de Suape como base de exportações para os mercados da África e dos Estados Unidos. A Camargo Corrêa também optou por Pernambuco ao decidir entrar no negócio de estaleiros. O empreendimento, orçado em US$ 170 milhões, irá fortalecer o pólo metal-mecânico estadual , que agrega mais de 500 empresas desde as de pequeno porte a multinacionais. Desde 1999, o setor privado investiu R$ 7,4 bilhões em empreendimentos de micro a grande porte, a maioria na área industrial. Deste total, R$ 2,3 bilhões ocorreram em 2003. Neste ano foram captados R$ 1,1 bilhão. No momento, estão em análise 27 projetos (R$ 63,4 milhões no setor industrial) na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. A paulista Maje do Brasil, que produz tomadas e interruptores, deve concluir no próximo ano um investimento de US$ 10 milhões no município de São Lourenço da Mata, iniciado em meados de 2003. "Optamos por Pernambuco em função de sua localização geográfica, incentivos fiscais e também em função de uma melhor qualidade de vida", diz o presidente da empresa, Wadi Mansour. Mansour diz que os incentivos fiscais estaduais - que prevêem o desconto de 75% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por 12 anos - e o rebate de 75% do imposto de renda devido aos programas de incentivo da antiga Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) foram decisivos na implantação do empreendimento. O empresário afirma que graças a estes incentivos conseguiu segurar os preços de seus produtos praticamente durante todo o ano de 2004, mesmo com o aumento constante de insumos como energia, por exemplo.