Título: Bahia une mão-de-obra barata e incentivos fiscais
Autor: Patrick Cruz e Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2004, Empresas, p. B5

O setores de auto-peças, papel e celulose e calçados têm encontrado na Bahia um cenário perfeito para investimentos. Unindo incentivo fiscal, mão-de-obra barata, infra-estrutura adequada e matéria-prima em quantidade, o Estado atraiu em 2004 aproximadamente R$ 9 bilhões, número bem superior aos R$ 3,7 bilhões de 2003. "A Bahia está deixando de ser uma economia periférica para assumir um lugar de destaque", disse na quarta-feira passada o governador Paulo Souto (PFL), durante o anúncio da instalação da fábrica da Bridgestone Firestone. No dia seguinte, o governo divulgou que a Indorama, empresa da Indonésia que atua na área têxtil, pretende investir US$ 300 milhões em uma unidade industrial em Camaçari. Neste ano, os principais aportes anunciados na Bahia são ligados ao setor de celulose. A Bahia Pulp ampliará sua fábrica em Camaçari, que deverá consumir R$ 1,35 bilhão. E a fábrica de Mucuri, do grupo Suzano vai receber US$ 1,2 bilhão para mais que duplicar. As empresas que têm chegado à Bahia ou ampliado sua presença não creditam a apenas um fator a decisão de implantar unidades no Estado. "Viemos atraídos pelas boas condições de infra-estrutura e logística", disse o presidente da Bridgestone Firestone no Brasil, Eugenio Deliberato. "Estamos investindo lá (no Nordeste) por dois motivos: pelos incentivos fiscais e pelo menor custo que a mão-de-obra", explica Dóris Wilhelm, gerente de relação com investidores da Grendene, que gastará R$ 30 milhões para construir até 2006 uma nova fábrica em Teixeira de Freitas (BA). Outros R$ 30 milhões serão usados para ampliar a capacidade de produção em Sobral (CE). Os benefícios fiscais se referem a descontos no Imposto de Renda, ICMS e no crédito à exportação. A Alpargatas também está reforçando seus investimentos na região em R$ 39 milhões. Cerca de R$ 25 milhões serão aportados na unidade de Campina Grande (PA), que produz a marca Havaianas. O restante irá para as instalações de Natal (RN), Santa Rita (PB) e Veranópolis (RS), que produzem Rainha e Topper. O peso do incentivo fiscal na decisão das companhias permanece, mesmo que tenha mudado um pouco sua relevância. "O incentivo ajuda (a atrair empresas), mas não é mais primordial", diz o secretário baiano da Indústria, José Perez Garrido. Os incentivos fiscais oferecidos pelo estado estão reunidos no Programa Desenvolve, que prevê financiamento das obras de valores que correspondem a até 90% do ICMS que a companhia teria que pagar. O prazo máximo é de 12 anos, a carência, de seis anos, e a correção é pela TJLP, sem juros. O programa foi criado em 2001, substituindo uma série de outros programas, que foram extintos.