Título: Postos já prevêem disparada de preços na entressafra
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Brasil, p. A2

O aumento do percentual de álcool adicionado à gasolina para 23% pode empurrar para baixo o preço do combustível no curto prazo, mas deverá provocar uma disparada de preços do álcool vendido nas bombas durante a entressafra, entre dezembro e fevereiro.

A avaliação é do presidente em exercício da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda, que critica a decisão do governo. "Quem deveria regular a questão da adição ou redução de álcool na gasolina é a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que é a reguladora do mercado. Essa decisão não deveria ser política", afirma Miranda, em comunicado divulgado pela entidade.

Para o diretor-técnico da Fecombustíveis, Aldo Guarda, a adição veio em má hora. "Muito provavelmente, qualquer redução na gasolina será neutralizada pela elevação do preço do álcool no período de entressafra", diz Guarda. "Temos dois problemas agora: o aumento do preço do álcool e a possibilidade de faltar produto."

José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro, sindicato dos postos do Estado de São Paulo, também critica a medida e diz que se houver redução dos preços da gasolina nos postos, não chegará a R$ 0,01 por litro. Para Alísio Vaz, do Sindicom, a queda no preço da gasolina deve ficar entre R$ 0,02 e R$ 0,04 por litro, mas vai depender do ICMS cobrado em cada Estado.

Os produtores de álcool, por sua vez, elogiaram a decisão do governo, mas querem que a participação do produto na gasolina volte a ser de 25%. Segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), o aumento para 23% representa um mercado adicional de 60 milhões de litros mensais. Em nota, a entidade afirma existir " base técnica para a volta imediata à normalidade, ou seja, um nível de mistura de 25%."

De acordo com os usineiros, este percentual oferece ganhos ambientais nas cidades, principalmente em relação ao monóxido de carbono e à formação de gás ozônio. (Agências noticiosas)