Título: Furlan vai aos EUA para iniciar reaproximação comercial
Autor: Leo, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Brasil, p. A5

A maior aproximação comercial entre Brasil e Estados Unidos no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva começa a tomar forma na segunda-feira, com a visita que o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, fará a Washington, onde encontrará autoridades do governo Bush.

Furlan almoçará e terá reunião com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutierrez, com quem mantém um "Mecanismo Informal de Consultas" bilateral. Além da agenda de medidas para facilitar o comércio, ambos discutirão como será a missão de empresários que visitará os EUA até março de 2007, possivelmente acompanhando uma visita do presidente Lula.

Furlan terá encontro, também, com autoridades da área de energia, com quem quer discutir bioenergia (etanol e biodiesel), e com a representante comercial dos Estados Unidos, Susan Schwab, que tem funções de ministra do Comércio Exterior. Com Gutierrez, o ministro pretende avançar nas negociações para reduzir prazos e burocracia na concessão de vistos para executivos em negócio entre os dois países - idéia já aceita pelo secretário de Comércio americano, que tenta convencer as autoridades da Imigração e de segurança nos EUA.

Os dois governos discutem, ainda, outras medidas de "facilitação de comércio" como a remoção de barreiras burocráticas nas exportações brasileiras de aço, carne e remédios. Já está marcada uma videoconferência no começo de 2007 entre representantes do governo brasileiro, da Receita Federal, Vigilância Sanitária e do ministério do Desenvolvimento, com autoridades americanas, para discutir como melhorar o processo de produção brasileiro para reduzir essas barreiras.

Os EUA também têm reivindicações: a pedido dos americanos, o Brasil estuda facilitar a remessa de mercadorias pelos serviços de entregas rápidas, como os da Fedex e UPS. Em novembro, técnicos da Receita vão a Washington conhecer o sistema de controle dessas remessas.

Nos últimos dois dias, o embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, manteve encontros com Furlan e com o presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), com quem discutiu a formação da missão empresarial a ser enviada aos EUA. Devem ser convidados empresários do setor de software, de calçados, confecção e outros setores ainda avaliados pelo governo brasileiro.

Sobel, que também quer trazer empresários americanos ao Brasil, no início de 2007, foi informado que a Apex duplicou o tamanho do Centro de Distribuição que mantém em Miami, para as empresas exportadoras brasileiras. Os atuais 2 mil metros quadrados ganharam um complemento da mesma dimensão, para atender as 150 empresas que demandam espaço no centro brasileiro, onde outras 150 já operam desde o início do ano. O embaixador ficou impressionado com a grande quantidade de empresas brasileiras de programas de computador que têm entrado no mercado americano.

Empresário do setor de telecomunicações, Sobel classificou de "muito, muito boas" as conversas com Furlan, e afirmou às autoridades com quem tem se encontrado que pretende se dedicar a aumentar o comércio entre os dois países. "O encontro só enfatiza a excelente relação comercial e de investimentos que temos com o Brasil", disse Sobel.

A Apex relatou ao embaixador os esforços que vem fazendo para conquistar nichos do mercado americano, onde gastou, desde 2003, US$ 29 milhões em promoção comercial, com mais de 300 missões, feiras e atividades que envolveram quase 5 mil pequenos e médios empresários exportadores brasileiros. A próxima iniciativa da agência vai dar ênfase à conquista de nichos estaduais e regionais.

Consolidado em junho, o Mecanismo Informal de Consulta entre os dois países até agora teve resultados modestos, mais concentrados na troca de informações e experiências entre os escritórios de patentes e marcas do Brasil e dos EUA - onde os empresários se queixam na demora de registro pelas autoridades brasileiras.