Título: Trio que tenta se reconstruir - alagoas
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 19/09/2010, Política, p. 10

Empatados e com telhado de vidro, Collor, Lessa e Vilela tentam se mostrar distintos do estereótipo que ostentam

Maceió Para tentar ganhar vantagem na disputa embolada pelo governo de Alagoas, os candidatos tentam reconstruir as próprias imagens. Fernando Collor de Mello (PTB) se comunica com voz branda e faz perguntas sobre a vida pessoal dos eleitores. Um comportamento de candidato que em nada se parece com o destemperado senador cuja conduta o Brasil acompanhou nos últimos anos. Adepto de palavrões e frases grosseiras, o político alagoano se transforma em educado candidato quando caminha pelas ruas. A última quarta-feira foi um exemplo disso. Abordado por um bêbado de fala incompreensível que insistia em abraçá-lo, Collor afastou os seguranças que iriam livrar-lhe do intruso. Abriu um sorriso e perguntou se o amigo estava bem e seguiu alguns passos abraçado com o eleitor.

A tentativa de passar uma imagem que agrade e dê a sensação de proximidade com os eleitores também é feita pelos candidatos Teotônio Vilela (PSDB) e Ronaldo Lessa (PDT). Eles aparecem empatados tecnicamente com Collor. O tucano tenta perder a fama de sisudo e tem treinado sorrisos por onde passa. Faz discursos elogiando os servidores públicos, já que a categoria reclama da ausência de reajustes salariais no governo Vilela.

Lessa, por sua vez, tenta emplacar o discurso da perseguição política contra ele. Investigado por supostos desvios de dinheiro público quando governou Alagoas, o pedetista foi barrado pela Lei da Ficha Limpa. Quer também abafar a fama de destemperado e angariar votos com base no discurso e na imagem de quem se tornou vitima do poder e dos órgãos públicos. A disputa é marcada pelos movimentos de desconstrução do rival. Lessa e Collor insinuam que o atual governador usa dinheiro público na campanha. Lessa é acusado de mau uso do erário. Collor é atacado por sua história política.

Dilmistas A construção de uma imagem diferente da realidade também passa pela relação dos candidatos com Dilma Rousseff (PT). No estado com os maiores índices de pobreza do país em relação ao número de habitantes e com quase 60% da população dependente do Bolsa Família, os que pleiteiam o comando do governo usam a candidata em todos os comícios. Oficialmente, Lula pede votos somente para Lessa.

Até o tucano Teotônio tenta conquistar votos usando da popularidade dos petistas. Na última terça, discursou em um restaurante e afirmou que tem uma boa relação com Lula e interesse em manter os projetos iniciados pelo atual governo. Nas ruas dos municípios alagoanos é frequente o uso de material de campanha do tucano junto com a candidata petista. O Téo é muito amigo de Lula e Dilma. Tem um ótimo trânsito com eles, disse entusiasmado um assessor do candidato a um grupo de jornalistas.

A campanha de Collor também tem investido pesado. Com a proibição do uso do jingle que dizia que a petista o apoiava, cabia aos narradores de comícios frisarem a ligação entre os dois. A artimanha não precisará ser mais usada, já que o TSE derrubou a proibição do uso do jingle citando a petista.

IMPREVISIBILIDADE » Pesquisa Ibope divulgada no último dia 14 mostrou o senador Fernando Collor (PTB) com 29% da intenção de votos, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) com 28% e o atual governador, Teotônio Vilela Filho (PSDB), com 27%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, o trio está tecnicamente empatado. A pesquisa está registrada no TRE-AL sob o número 13733/2010.

O número 3,20 milhões de habitantes

O número 2,03 milhões de eleitores