Título: Rosinha cita continuidade e constrange o sucessor
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Política, p. A7

Atacado pelos adversários durante a campanha pelo fato de ter recebido o apoio do casal Garotinho, o governador eleito do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), demonstrou ontem que ainda não digeriu bem as afirmações de que sua gestão seria uma continuação do governo de Rosinha Matheus (PMDB).

Cabral reuniu-se por mais de duas horas com a atual governadora no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Estado, para discutir a transição dos governos. Depois do encontro, em entrevista aos jornalistas, Rosinha citou repetidas vezes a importância da continuidade e do aperfeiçoamento das políticas desenvolvidas na sua gestão. Ao final, já sozinho, Cabral mostrou-se constrangido ao ser perguntado sobre o assunto e optou pelo silêncio.

"Vi a vitória do Sérgio Cabral com muita felicidade. A população elegeu Sérgio Cabral para ele continuar a fazer o Estado crescer da forma que já vem crescendo na economia, para continuar a gerar empregos. A população espera que Sérgio Cabral possa continuar principalmente com o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro", disse Rosinha.

O governador eleito visitou Rosinha e o marido, o presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, acompanhado da mulher, Adriana, e do vice-governador eleito, Luiz Fernando Pezão. O vice foi escolhido para ser o coordenador da equipe de transição de Cabral. A governadora, por sua vez, escolheu o secretário estadual de Receita, Antônio Francisco Neto, para coordenar a transição pelo lado do governo. Os outros integrantes da equipe serão apresentados na semana que vem.

"Foi uma visita de cortesia e amizade e ao mesmo tempo uma troca de idéias sobre as questões do Estado. Também formalizamos o grupo de transição, apresentando os membros da nossa equipe", disse o governador eleito. Garotinho posou para fotos ao lado de Rosinha, de Cabral e da esposa, Adriana, mas não deu entrevistas.

Anteontem, Cabral defendeu o apoio do partido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu segundo mandato. Ao ser questionada sobre se concordava com a posição do aliado, a governadora disse que caberá ao diretório nacional do PMDB decidir o caminho a seguir. "Nós vamos ouvir. Esta eleição teve muitas mudanças. Muitas pessoas ganharam e outras perderam. Muitos caciques do PMDB também perderam a eleição. Então, vamos parar para analisar. Nós temos coerência política", disse Rosinha.

Ao ser questionada sobre a intenção de Cabral de reduzir o número de secretarias estaduais de 30 para 15, Rosinha respondeu: "Cada governador trabalha dentro do seu perfil". O governador eleito afirmou que a redução da máquina pública será feita "sem precipitação", depois que a equipe de transição estudar em minúcias os números do governo do Estado.

Depois do encontro com Rosinha, Cabral seguiu para Brasília para se encontrar o presidente Lula, seu aliado no segundo turno das eleições. O governador eleito disse que também vai procurar o prefeito do Rio, Cesar Maia, com quem espera manter um bom relacionamento. O encontro estava marcado inicialmente para hoje, mas foi adiado porque o prefeito viajou para a Nicarágua.