Título: Defesa fará contratação de emergência de controladores
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Brasil, p. A4

O Ministro da Defesa, Waldir Pires, disse ontem que serão adotadas três medidas de emergência para tentar resolver a crise nos aeroportos brasileiros, provocada pela operação padrão dos controladores de vôo. O anúncio foi feito depois de reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.

As medidas divulgadas por Pires são o redirecionamento de rotas para evitar que aviões que não fazem escalas em Brasília cruzem o espaço aéreo na capital federal, desafogando assim o controle de tráfego aéreo na região; uma nova proibição para jatos executivos voarem nos momentos de maior demanda nos aeroportos afetados pela crise e a realização de um concurso de emergência para contratar mais controladores de vôo.

Segundo anunciou o ministro, serão contratados 64 controladores imediatamente, retomando o concurso de julho, que havia sido cancelado, e 148 profissionais em uma segunda etapa. Pires disse ainda que será mantido o programa de convocação dos controladores aéreos aposentados. Apesar dessas providências, ele não pôde garantir que os aeroportos voltarão à normalidade já neste feriado de Finados, não descartando a possibilidade da criação de um "gabinete de crise" nos próximos dias. "Vamos aguardar o dia de amanhã. Temos informações de que os atrasos nos vôos já estão diminuindo. Estou confiante de que a situação voltará à normalidade", disse.

Pires informou também que durante a reunião que teve no início da tarde com os representantes dos controladores de vôo não houve nenhuma reivindicação. Segundo Pires, os controladores apenas reclamaram da tensão sob a qual estão trabalhando desde o acidente do avião da Gol, dia 29 de setembro. Na reunião de emergência convocada pelo presidente estavam presentes, além de Lula e Waldir Pires, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos da Silva Bueno, o presidente da Infraero, José Carlos Pereira, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.

Os controladores de vôos alegam excesso de tráfego aéreo e fazem operação padrão, porque querem a contratação de mais pessoal especializado. Os atrasos nos aeroportos chegaram ontem a até cinco horas, segundo a Infraero. A perspectiva é que os deslocamentos no feriado de Finados sejam prejudicados. Conforme levantamento feito por meio do serviço online da Infraero, os principais atrasos estavam concentrados nos aeroportos de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Ontem de manhã, o Congresso cancelou audiência com o presidente do Banco central (BC), Henrique Meirelles, pela ausência de parlamentares "devido à situação caótica de esperas nos aeroportos", conforme declarou o senador Leonardo Quintanilha (PCdoB-TO).

Até o fim da tarde de ontem, das 53 aeronaves da Gol em operação, 36 estavam com atraso. O atraso médio, para os vôos nacionais, passou das três horas ao longo do dia, mas à tarde era de duas horas e meia. Para os vôos internacionais da empresa, o atraso médio registrado no fim do dia foi de uma hora e meia. A TAM ainda não havia feito um balanço no fim da tarde. Na Varig, segundo sua assessoria de imprensa, apenas um vôo sofreu atraso de uma hora. (Agências noticiosas)