Título: Greve na Volks provoca redução na atividade industrial paulista
Autor: Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 15/01/2007, Brasil, p. A4

Muito influenciada pela greve de mais de 15 dias na Volkswagen, a atividade da indústria paulista, medida pelo Indicador do Nível de Atividade (INA), recuou 0,6% em setembro na comparação com agosto, segundo números que já descontam o efeito sazonal. Em relação a setembro de 2005, porém, houve crescimento de 4,7%, de acordo com os dados da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).

A produção industrial nacional também deve ser afetada pela paralisação da Volks e seus efeitos sobre algumas de suas fornecedoras. A expectativa da LCA Consultores é de que os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrem um recuo de 0,4% em relação a agosto e um crescimento de 2,8% na comparação com setembro do ano passado. "O setor automobilístico será o principal responsável por esse resultado", diz Bráulio Borges, da LCA. Ele lembra que esse ramo tem um peso de 8% sobre a produção industrial total.

Os demais indicadores de setembro não apresentaram desempenhos animadores. O consumo de energia elétrica em setembro caiu 0,6%, as exportações de manufaturados brasileiros cederam 3,6% e a importação de matérias-primas caiu 1,5%, enquanto a produção de veículos caiu 10%. De outro lado, o fluxo pedagiado de veículos pesados subiu 0,7%, a produção de aço bruto cresceu 1,1% e a expedição de papelão ondulado ficou estável.

Pelos dados da Fiesp e do Ciesp, a produção de veículos automotores também recuou 5% em setembro. Outro setor com resultado ruim foi o da metalurgia, com recuo de 0,1% no nível de atividade. O ramo de alimentos, mais ligado à renda e menos dependente das exportações, mostrou uma trajetória oposta e teve uma alta de 0,4%. Em relação a setembro de 2005, o aumento foi de 3,8%. "Os números deixam muito a desejar ainda", reclama Paulo Francini, diretor do departamento de economia da Fiesp. Para o ano, ele estima que o INA avance 3,2%.

Se a expectativa de queda de 0,4% na produção nacional se confirmar, o terceiro trimestre do ano fechará com uma alta de 0,8% em relação ao segundo trimestre deste ano e com aumento de 3,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com projeção da LCA.

Para outubro as perspectivas são melhores. A indústria automobilística não irá jogar contra como o que ocorreu em setembro, ao mesmo tempo, existe a expectativa de melhora nos indicadores antecedentes. Com a proximidade do Natal, as empresas também devem ampliar sua produção.