Título: Tráfego em Santos deve piorar com 28 novos portões
Autor: José Rodrigues
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2004, Empresas, p. B5

Algumas mudanças impostas pelo ISPS Code, o código de segurança de portos e navios da Organização Marítima Internacional (IMO), devem provocar efeitos adversos às operações portuárias. Em Santos, o plano de segurança prevê a construção de 28 portões de entrada de veículos rodoviários e pessoas. Interligados por via eletrônica, eles informarão a uma central o movimento de entrada e saída de caminhões e pessoas do porto. "Não tenho dúvida de que a velocidade de transporte do porto vai diminuir (com os portões)", prevê Arnaldo de Oliveira Barreto, diretor de infra-estrutura e serviços da Codesp. Em alguns casos, o motorista terá que se identificar por meios eletrônicos em mais de um portão, até chegar ao navio. Atualmente, sem essa inovação, o trânsito de veículos no porto e na interface com a cidade já é caótico, com longas filas de espera, principalmente nos cruzamentos com as vias ferroviárias. O projeto das duas perimetrais e do túnel ligando as duas margens do porto, que aliviariam essa sobrecarga, ainda não têm prazo para começar. A não conclusão dessas e de outras obras exigidas pelas novas normas de segurança, tanto no porto de Santos, como em outros, levou a Casa Civil, da Presidência da República, e o Ministério dos Transportes a convocar a Brasília representantes de vários portos, entre os quais, além de Santos, do Rio de Janeiro, Bahia e Vitória. "Recebemos uma dura do governo", confessa Barreto, que levou a Brasília os projetos em andamento relativos ao ISPS Code, bem como o de dragagem do porto. O prazo para conclusão dos portões é 5 de janeiro, sem os quais os respectivos terminais onde se localizam não serão certificados pela Comissão Nacional de Segurança Pública em Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos). Sem a certificação, os terminais não poderão operar. Uma vistoria será feita pela Conportos em meados de dezembro. Na sexta-feira, a Codesp reuniu as empresas ligadas à área da construção civil e as de software que participam da construção dos portões para pedir pressa nas obras. O diretor disse que os prazos são improrrogáveis e que as empresas terão que trabalhar 16 horas por dia. Sem que as obras civis estejam concluídas, os equipamentos não podem ser instalados. Dos 28 portões a serem construídos, 20 são de responsabilidade financeira da Codesp e oito de terminais privados. Segundo o executivo, são justamente os privados que estão mais atrasados. As empresas que venceram a concorrência para construção dos portais, na área civil, foram a Severo Villares Projetos e Construções, a Enplan Engenharia e Construtora e Terracon Engenharia. Para a área de inteligência, a Ansett Tecnologia e Engenharia, Netsolution e a Trielo Soluções Inteligentes.