Título: Produção industrial global mantém queda
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2012, Internacional, p. A7

A produção industrial continua declinando na zona do euro e em várias economias emergentes. Uma das raras exceções é a Índia, onde a atividade manufatureira está expandindo, conforme Índices de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) de dezembro, divulgados ontem pela consultoria britânica Markit, sobre a atividade de milhares de fábricas.

Um PMI acima de 50 indica que o setor industrial está expandindo, enquanto abaixo da cifra sugere contração. Em todo caso, os dados mostram que o ritmo da contração diminuiu em vários países, incluindo o Brasil.

Na zona do euro, a atividade industrial recuou pelo quinto mês consecutivo, enfraquecida pela baixa do volume de novas encomendas, retração da economia mundial e as turbulências nos mercados financeiros.

O PMI da região ficou em 46,9, ligeiramente melhor que os 46,4 de novembro, mas "confirma o retorno da recessão no setor manufatureiro europeu", como diz Chris Williamson, economista-chefe da Markit.

Apesar da melhora na queda da atividade em dezembro, os dados do PMI estão em conformidade com taxa de contração de 1,5% para o último trimestre de 2011, segundo a Markit.

Atualmente, os fabricantes europeus reduzem seus efetivos, estoques e volume de compras, e novas reduções podem ocorrer no primeiro trimestre deste ano.

A tendência é considerada particularmente preocupante, porque a taxa da queda de novas encomendas é bem superior à da produção. Significa que o ritmo atual da produção industrial na zona do euro se apoia essencialmente em encomendas feitas anteriormente.

Isso ocorre sobretudo na Alemanha, a maior economia europeia, e antecipa uma forte redução de capacidade operacional das companhias nos próximos meses, a menos que haja retomada da demanda.

Em dezembro, os maiores recuos na produção ocorreram na Itália, Espanha e Grécia, países envolvidos a fundo na crise da dívida soberana.

Fabricantes na zona do euro apontam uma leve queda nos custos do que compram, como também um aumento nos seus preços de venda, com exceção da Espanha e Grécia.

Afetados pela crise da zona do euro, dois países registram piora nas condições de negócios. A Coreia do Sul, sétimo maior exportador mundial, apresenta o pior ambiente de negócios na área industrial dos últimos três anos. O presidente Lee Myung-bak alertou que a economia mundial "está deslizando para uma nova era de baixo crescimento, e não apenas de recessão temporária"", conforme agências de noticias.

Em meio a aumento também do desemprego, o Banco Central sul-coreano poderá cortar a taxa básica de juros de 3,25% para 3% no primeiro trimestre.

A atividade industrial na Turquia também caiu para o menor nível em tres mes, para 52,0 comparado a 52,3 pelo PMI. O país evitou a contração, mas sofre cada vez mais o impacto do choque externo. A Markit publicou também o PMI para o Brasil. Ficou em 49,1 em dezembro, acima dos 48,7 de novembro. Para o banco HSBC, o pior momento para a atividade no setor industrial brasileiro pode ter ficado para trás.

De todos os PMIs divulgados ontem, somente o da Índia mostra expansão, refletindo maior demanda dos clientes. A produção acelerou bastante desde novembro e houve criação de empregos pela primeira vez em cinco meses. O PMI foi de 54,2, comparado a 51,0 em novembro. A produção da indústria indiana mostra bem melhor desempenho que o da China, onde o PMI continua abaixo de 50 desde julho. (AM)