Título: Aérea tem seu melhor desempenho financeiro
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Empresas &, p. B2

A Gol Linhas Aéreas registrou lucro e faturamento recordes no terceiro trimestre deste ano, em linha com as estimativas do mercado. No entanto, apesar dos resultados positivos, as ações da companhia aérea caíram 1,3% ontem, indicando que os investidores podem estar começando a desconfiar das condições do mercado de aviação em 2007.

O lucro líquido da Gol cresceu 99% em relação ao terceiro trimestre de 2005, para R$ 232,2 milhões, o maior de sua história em um único trimestre. O resultado foi ajudado por um ganho de R$ 75,1 milhões com venda e aluguel de aeronaves.

A receita líquida da companhia subiu 56% e alcançou R$ 1,08 bilhão. Este crescimento expressivo compensou um aumento de 52% nos custos dos serviços prestados e de 100% nas despesas operacionais, causados, principalmente, pelo aumento do preço do combustível, dos custos com manutenção e com tarifas aeroportuárias, além da expansão das operações da empresa.

Os custos por assento-quilômetro (Cask, na sigla do setor) subiram 13,2%, para R$ 0,16 - nos outros dois trimestres do ano, este índice havia caído. Já a receita por assento-quilômetro (Rask) subiu 6,4%, para R$ 0,21.

No período de um ano, a Gol elevou em 78 o número de freqüências atendidas e em 56% o índice RPK, que reflete a demanda pelos serviços da aérea (total de passageiros transportados multiplicado pelos quilômetros voados).

Paradoxalmente, o melhor trimestre em resultados foi marcado pela ocorrência do maior acidente aéreo da história no Brasil, que vitimou 154 pessoas. Em relação às conseqüências da tragédia para os resultados futuros da empresa, a Gol afirma em seu balanço que mantém os seguros para a cobertura dos "riscos e exigibilidades" e que "não espera que quaisquer passivos advindos do acidente com o vôo 1907 tenham efeito adverso material sobre a posição financeira ou resultados das operações da companhia".

A Gol revisou as estimativas para 2007. A aérea pretende elevar em 45% sua oferta, obter uma receita anual de R$ 5,6 bilhões (R$ 2,7 bilhões em 2005) e manter a ocupação em 75%. Na segunda-feira, a aérea anunciou encomenda de 20 novos aviões à Boeing e ampliou seu plano de frota até 2012. "O ano que vem continuará sendo muito competitivo", disse ontem Constantino de Oliveira Jr., presidente da Gol.

A perspectiva de concorrência acirrada e planos agressivos de aumento de frota, tanto por parte da Gol quanto da TAM, podem estar gerando desconfiança nos investidores, uma vez que o preço as passagens não deverá aumentar e há dúvidas sobre o equilíbrio oferta/ demanda. Desde o início do mês, as ações da Gol caíram 12,1% e as da TAM 5,4%.