Título: Para SAP, mercado está consolidado
Autor: Rosa, João Luiz
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Empresas &, p. B3

Monty Python em busca do cálice sagrado" está entre os clássicos que ocupam lugar na dvdteca de José Antunes, diretor-presidente da SAP Brasil e fã declarado do humor britânico. "Eles são os melhores nisso", diz, citando cenas do filme. "Se fosse numa comédia americana, os personagens estariam se batendo, mas os ingleses ficam ali, só tirando sarro o tempo todo."

É com uma ponta de humor inglês que Antunes também tem encarado seu disputado mercado de software. Enquanto a americana Oracle segue com seu apetite voraz por aquisições, comenta Antunes, a alemã SAP optou pelo crescimento orgânico. "Nosso negócio nunca foi comprar 'market share'. E agora não há mais espaço para absorver grandes operações", diz. "A briga passa a ser frente à frente."

Este ano, afirma o executivo, será um dos melhores na história da SAP Brasil. Em 2005, a subsidiária cresceu 20% sobre o ano anterior. "Vamos fechar 2006 com crescimento de 80%", diz o executivo, que questiona um estudo da FGV-SP, onde a brasileira Totvs aparece como a líder no mercado de sistemas de gestão. Ao citar um relatório da consultoria IDC, que toma como base informações de 2005, Antunes afirma que a SAP detém a maior fatia do setor (36%), seguida pela Totvs (25%), Datasul (13%) e Oracle (9%). "De qualquer forma, essa é uma briga boa, principalmente com as nacionais. E tende a ficar melhor ainda", comenta.

Acostumada a lidar de forma direta com clientes de grande porte, a SAP procura meios de ampliar seu quadro de parceiros para chegar à pequena e média empresa. Em agosto, fechou parceria com o governo de Minas Gerais para, junto da fábrica de software Flag Intelliwan, trabalhar na criação de sistemas que rodarão em torno de sua plataforma Business One. O acordo, que envolve financiamento do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, pretende criar um ecossistema de desenvolvedores locais, que passarão a trabalhar com base nos produtos SAP.

Agora o mesmo tipo de projeto foi assinado com o governo do Rio Grande do Sul, com apoio da Caixa Econômica Federal. "Está tudo certo, só falta escolher a fábrica", revela Antunes, que no momento avalia três empresas da região. A decisão sai até o final de dezembro.

No roteiro da TI, a saga do presidente da SAP Brasil remonta a Monty Python, quando o Rei Arthur sai em busca de pessoal qualificado, grupo que dará origem aos Cavaleiros da Távola Redonda. No filme, a meta é encontrar o cálice sagrado. No mercado de software, conclui Antunes, o destino é um só: "Queremos manter a liderança, e estamos no caminho certo".