Título: Brasil é prioridade em código aberto
Autor: Rosa, João Luiz
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Empresas &, p. B3

O apoio que o governo no Brasil - em várias esferas da administração - têm demonstrado ao Linux e as próprias características do software, cuja licença não é paga, fazem do país um dos principais candidatos no mundo a tornar-se um centro de utilização e disseminação dos sistemas de código aberto, diz Silvio Genesini, que comanda a subsidiária brasileira da Oracle.

O pacote de serviços "Unbreakable Linux", anunciado nos Estados Unidos na semana passada, já está praticamente disponível no país e não vai provocar nenhuma mudança nas operações locais da companhia. O atendimento aos clientes será feito pelos centros internacionais da Oracle, o que vai dispensar investimentos para montar uma estrutura no país. Os recursos, por enquanto, serão concentrados no treinamento da equipe de vendas.

Os preços vão seguir a orientação mundial da Oracle, de manter os valores em dólar, com a conversão em moeda local. Na semana passada, Larry Ellison - o executivo-chefe e co-fundador da companhia - anunciou uma tabela com preços que incluem desde serviços gratuitos até taxas anuais de US$ 1.999. Os valores da Red Hat, segundo Ellison, vão de US$ 99 a US$ 2.499.

Sob os aplausos da platéia, ele fez comparações nas quais um pacote que custaria US$ 999 na Red Hat sairia por US$ 399 na Oracle. Além disso, Ellison informou que a empresa até 31 de janeiro a companhia vai oferecer pacotes promocionais. A assinatura anual de US$ 1.999, por exemplo, sairá por US$ 999.

Além do Linux, outra área na qual a Oracle quer reforçar sua presença no país é o mercado de pequenas e médias empresas, diz Genesini. Em San Francisco, a Oracle anunciou uma série de tecnologias, chamadas de "aceleradores", para facilitar a adoção de seus produtos por companhias cujo faturamento é inferior ao dos grandes grupos, o alvo original dos fornecedores internacionais de softwares de negócios, como a Oracle e a SAP.

À medida que a competição no segmento dos grandes clientes fica mais difícil, as companhias de software têm tentado reforçar suas receitas com a oferta de produtos para usuários que tem um poder de compra menor, mas são atrativos porque representam um universo muito maior de consumidores.

No Brasil, porém, os fornecedores internacionais enfrentam a concorrência de empresas locais, um cenário incomum em comparação com os demais países da América Latina e mesmo de outras regiões. Na maior parte dos casos, as empresas brasileiras - como Totvs e Datasul - nasceram concentradas nos clientes menores, que não estavam no radar das gigantes. É esse naco, agora, que os dois lados disputam para manter sua velocidade de crescimento em um ritmo saudável. (JLR)