Título: Governo confirma foco de Newcastle no MT
Autor: Zanatta, Mauro e Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2006, Agronegócios, p. B11

O Ministério da Agricultura confirmou ontem (dia 31) a ocorrência de um foco da doença de Newcastle em 46 aves domésticas de Lambari D´Oeste, região sudoeste do Mato Grosso. Do total, 26 aves morreram infectadas pela doença e outras 20 serão sacrificadas, de acordo com a Coordenação da Sanidade Avícola do ministério.

A suspeita da doença foi notificada em 15 de agosto. As amostras de sangue e parte das aves foram coletadas por veterinários do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso e os exames, feitos pela unidade de Campinas do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro).

O resultado virológico identificou a presença de vírus da doença com índice da patogenicidade de 1,7 pontos, acima do 0,7 permitido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). "É comum a transmissão do vírus de animais selvagens para aves de fundo de quintal", afirmou Jorge Caetano, diretor de Programas da Secretaria de Defesa Agropecuária.

O novo registro da doença soma-se a diversos casos recentes. Em julho, um foco registrado em Vale Real (RS) resultou na imposição de barreiras comerciais por vários países importadores. Por conta da doença, as exportações de carnes de frango do Rio Grande do Sul registraram queda de quase 8% entre janeiro e julho deste ano, ante igual intervalo de 2005.

No Centro-Oeste, houve um registro confirmado da doença em 2001, em Nova Roma (GO), e duas suspeitas não-confirmadas em Jaraguari (MS) - uma em junho do ano passado e a outra neste mês. Neste ano, também foram detectados focos da doença na ilha de Mosqueiro (PA), em julho, e no distrito industrial de Manaus (AM), em agosto.

O ministério adotou zonas de proteção e vigilância sanitárias previstas no Plano Nacional de Contingência à Influenza Aviária e à Doença de Newcastle, inclusive a restrição de trânsito de animais e produtos de risco. Foi estabelecida uma zona de proteção, em um raio de 3 quilômetros ao redor do foco, e, a partir dessa área, uma zona de proteção, que compreende um raio de 7 quilômetros. O Ministério ponderou, no entanto, que no raio fixado em torno do foco não há nenhuma granja comercial de aves.

Os procedimentos de limpeza e desinfecção também estão em andamento, segundo o ministério. Os trabalhos de investigação epidemiológica realizados até o momento não identificaram novas propriedades com suspeita de doença de Newcastle.

Procurada, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Conforme dados da entidade, o Mato Grosso não tem grande relevância no mercado exportador. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, as exportações oriundas deste Estado somaram 35.671 toneladas. O volume corresponde a 1,8% do total embarcado pelas indústrias brasileiras no período.

Fontes ligadas ao setor que preferiram não ser identificadas consideram problemático o surgimento de um novo foco da doença. "Um foco de Newcastle é ruim para as indústrias exportadoras, porque na Europa os clientes vêem Newcastle no Brasil, e não no Mato Grosso", observou a fonte.