Título: Banco Santos traz impacto para carteiras de renda fixa
Autor: Angelo Pavini e Felipe Frisch
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2004, Eu & Investimentos, p. D1
As perdas registradas por fundos que carregavam papéis do Banco Santos impactaram a rentabilidade dos fundos de renda fixa prefixados. Entre 11 e 18 de novembro, a categoria rendeu, em média, 0,17%, ou 0,08 ponto percentual abaixo da alta de 0,25% do CDI. Na semana anterior, essas aplicações ganharam o mesmo que o CDI, que foi de 0,29%. O reflexo também já é visto nos retornos do mês. Os renda fixa apresentam ganhos de 0,64%, em média, frente 0,74% do CDI no mesmo período. Levantamento do site Fortuna indica que o prejuízo que os fundos - em especial carteiras exclusivas de fundações - tiveram com CDBs do Santos chegou a R$ 200 milhões. Isso, sem contabilizar possíveis perdas do Santos Credit Yield, um dos maiores fundos de renda fixa crédito, com R$ 607 milhões de patrimônio. Fechado para movimentações a pedido do interventor do Banco Central, o fundo tem parcela considerável aplicada em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), papéis pouco conhecidos e de difícil marcação a mercado, cujo emissor é um devedor do banco. "Por enquanto, não dá para saber se as cédulas representam créditos bem ou mal-sucedidos", diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. Ao lado da renda fixa, os multimercados também não foram bem na semana. Segundo D'Agosto, eles refletiram o desempenho ruim do dólar - em queda superior aos 2% entre os dias 11 e 18 - e ganharam apenas 0,15%. Com desempenhos pouco expressivos, multimercados perdem do referencial também no mês. A alta é de 0,63% ante avanço de 0,74% do CDI. No ano, contudo, os fundos mistos conseguem superar o referencial, com 14,33%, ante alta de 13,90%. A semana também não foi boa para as carteiras de privatização, cuja queda, de 1,73%, reduziu os ganhos no mês para 2,8%, ante alta superior a 4% registrada na semana anterior. No ano, entretanto, o avanço passa de 20%. Já os fundos de ações renderam 1,7% entre os dias 11 e 18, abaixo dos 2,7% do Ibovespa em igual período. Em termos de captação, o setor de fundos encerrou a semana com resgates de R$ 243 milhões, puxado mais uma vez por fundos voltados ao varejo. No período, as carteiras dirigidas ao atacado atraíram R$ 248 milhões, enquanto o varejo perdeu R$ 491 milhões. A renda fixa liderou os resgates, de R$ 526 milhões. Já os fundos curto prazo mantêm a tendência registrada nas últimas semanas, com entradas de R$ 160 milhões. Entre as instituições financeiras, o Opportunity continua a registrar o maior volume de saques em comparação ao patrimônio, em meio às acusações de espionagem contra o sócio Daniel Dantas e às buscas da polícia federal na instituição. Na semana, o banco perdeu R$ 101,5 milhões, ou 3,7% do seu patrimônio líquido. Em novembro, R$ 158,4 milhões deixaram a instituição, ou 5,7% do PL. A Rio Bravo Investimentos , administradora dos fundos da Fidúcia Asset Management, aparece com o segundo maior volume em saques da semana, de R$ 22,2 milhões, ou 3% do patrimônio total, enquanto a Votorantim Asset Management tem o segundo maior resgate de novembro, de R$ 244 milhões, ou 2,5% do patrimônio. Segundo Marcelo Serfaty, presidente da Fidúcia, os saques foram feitos por um único investidor do hedge fund Diamond, que está migrando para um fundo exclusivo, mais agressivo. No caso da Votorantim, as perdas são típicas desse período do ano e refletem retiradas feitas por empresas que precisam de caixa. O Banco Santos, que figurava nas listagens de maiores saques até a semana passada, não aparece nesse balanço já que as movimentações de seus fundos abertos foram suspensas pela CVM.