Título: Encontrar lugar para tanta gente é novo desafio
Autor: Rosa, João Luiz
Fonte: Valor Econômico, 06/09/2006, Empresas, p. B4

Com o aumento das atividades de terceirização - pelas quais assume os serviços de tecnologia de seus clientes, incluindo os funcionários da área -, a IBM passou a enfrentar um novo problema: espaço para acomodar tanta gente. A companhia contratou 1,5 mil pessoas no Brasil só no primeiro semestre e se prepara para adicionar outros 1,5 mil até o fim do ano, o que equivale a uma média de oito novos funcionários por dia.

Além dessas contratações, a empresa também vai agregar cerca de 200 empregados das subsidiárias de quatro companhias adquiridas no mês passado, nas quais investiu US$ 3,6 bilhões em termos globais. A mais recente delas foi a empresa de software de segurança Internet Security Systems (ISS), comprada no fim de agosto, por US$ 1,3 bilhão. As demais foram a MRO Software, a FileNet e a Webify Solutions. A conta fica ainda maior com os 400 profissionais da Global Value Soluções, que estão concentrados na sede da companhia em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

"Há três anos eram 4 mil empregados, hoje são 12 mil", diz Rogério Oliveira, presidente da IBM no Brasil. O número inclui funcionários diretos e terceirizados. A projeção da companhia é a de que, a continuar neste ritmo, o número vai chegar a 20 mil profissionais até 2008.

Enquanto isso, a IBM tenta encontrar lugares para alojar a equipe crescente. Em Hortolândia (SP), onde estão quase 5 mil funcionários, dois novos prédios com capacidade para 500 pessoas cada um estão sendo construídos, mas já estão lotados por antecipação, afirma o executivo. No condomínio da companhia, onde estão instaladas outras empresas, circulam 106 ônibus e a cafeteria, recentemente reformada, não dá conta do movimento.

Em São Paulo, a IBM negocia com o governo para participar do projeto de recuperação de uma área central da cidade, que já foi um ponto importante, mas hoje está deteriorada. A prova disso é que a região passou a ser conhecida como Cracolândia. Ainda não está nada definido, mas a IBM tem muito interesse em participar do projeto, diz Oliveira. "Provavelmente seremos uma das empresas que investirão no lugar", afirma. "Podemos, eventualmente, instalar um centro de dados no local."

No Rio, o movimento também é intenso. Após um período de esvaziamento iniciado com a transferência do comando para São Paulo, a antiga sede central, na avenida Pasteur, na Zona Sul da cidade, passa por um processo de rejuvenescimento. Ali, onde funciona umas das plantas de software da multinacional, o cenário é dominado por jovens vestidos de jeans e tênis, que criam programas de computador enquanto vislumbram a Baía da Guanabara e o Pão de Açúcar. A idade média dos empregados da IBM no Brasil, hoje, é de 33 anos. Em 1995, era de 35,2 anos.

A sede carioca vem recuperando o fôlego com o crescimento acelerado da área de serviços. Além disso, toda a operação da área de financiamento para as Américas é feita no Rio de Janeiro. A IBM tem um banco que faz financiamento de toda a logística para os clientes do continente. A filial do Rio tem 1,7 mil empregados diretos e 300 terceirizados.

O prédio da Pasteur nunca ficou vazio. Já um edifício da IBM no centro, na avenida Presidente Vargas, foi desativado e vendido no início desta década. Com o crescimento da ocupação na Pasteur, porém, a companhia alugou dois andares na avenida Rio Branco. Agora, com o ritmo das contratações acelerado, já informou que vai ampliar as instalações na área central da cidade.

Segundo avaliação da IBM, o Rio jamais deixou de ser um pólo de negócios importante. A demanda por serviços vem crescendo junto com o aumento da prestação de serviços a clientes de peso como Petrobras, Companhia Vale do Rio Doce, Telemar, Embratel, Rede Globo entre outros. Na atividade de telecomunicações, o Rio tem peso significativo nos negócios da companhia. Não é por acaso que toda a diretoria do setor industrial continua na cidade.