Título: Ação da Porto sobe 6,4% na estréia
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2004, Finanças, p. C3

Os investidores estrangeiros foram os que mais compraram as ações da Porto Seguro. Do total de papéis vendidos, 60% ficaram com aplicadores americanos e europeus, disse Jayme Brasil Garfinkel, presidente da seguradora, que participou ontem, bastante emocionado, da cerimônia de estréia da seguradora na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A ação da Porto foi o destaque do dia: após subir mais de 10% durante os negócios, fechou o pregão com alta de 6,4%, cotada em R$ 19,95. O papel negociou R$ 83,7 milhões, o segundo maior volume do pregão, atrás apenas das ações preferenciais da Telemar, tradicional "blue chip" da bolsa. A demanda pelos papéis da seguradora foi cinco vezes maior que a oferta. No varejo, a procura chegou a ser dez vezes maior que a oferta, disse Garfinkel. Por causa da forte procura, vai haver um rateio de 91%, ou seja, a pessoa física que reservou R$ 1 mil em papéis vai levar apenas R$ 90,00. Foi o maior rateio entre todas os lançamentos de ações este ano na Bovespa (incluindo Natura, Gol e Grendene). No total, 6.277 pessoas físicas fizeram reserva das ações da empresa. O varejo levou 10% do total ofertado. A venda das ações foi feita apenas no Brasil, mas o Banco Pactual, o coordenador da operação, fez um esforço para atrair o investidor estrangeiro. O banco e os executivos da Porto visitaram 119 grandes investidores (no Brasil, Europa e Estados Unidos), 79% dos quais fizeram reserva dos papéis. Quando se consideram apenas os investidores institucionais (como fundos de pensão e seguradoras), a participação dos estrangeiros na operação sobe para 71%. A venda das ações movimentou R$ 328,1 milhões. Com a venda do "green shoe" (que deve ser colocado no mercado nos próximos 30 dias pelo Pactual), o total sobe para R$ 442,98 milhões. Segundo Mario Urbinati, diretor de relações com investidores da seguradora, além do "green shoe", estava prevista ainda a colocação de um lote adicional de 20% do total de ações ofertado, mas ele não será mais ofertado. A Porto listou suas ações no Novo Mercado, segmento para as companhias com práticas diferenciadas de governança corporativa. A seguradora colocou no mercado 26,9% de seu capital (incluindo a venda do "green shoe"), acima dos 25% exigidos pela Bovespa para as participantes do Novo Mercado. Com a operação, os dois acionistas que venderam os papéis no mercado secundário, a Rosas Empreendimentos e Stela Yara Blay, saem do capital da seguradora e passam a ter apenas participação indireta, pela holding Porto Empreendimentos. Juntos, eles venderam 17,8% do capital da empresa. O projeto de abrir o capital, segundo Garfinkel, começou em 1972, quando seu pai (Abrahão Garfinkel) comprou a seguradora. Em 1997, o executivo chegou a ir em Nova York para falar com investidores, mas com a crise da Ásia e a Rússia o projeto foi abandonado. Desta vez, as coisas deram certo. A idéia surgiu de uma reunião dos diretores da empresa no final de agosto. Em seguida, o Banco Pactual foi contratado e o processo de lançamento de ações começou.