Título: OMS vê 25% da população do Brasil sem saneamento
Autor: Moreitra, Assis
Fonte: Valor Econômico, 06/09/2006, Brasil, p. A2

Cerca de 25% da população brasileira, ou 46 milhões de pessoas, não têm acesso a serviços básicos de saneamento, com as criancas correndo os maiores riscos de doenças mortais. Em relatório publicado ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) monitoram em que estágio os países se encontram para alcançar até 2015 o objetivo de reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso a água potável e a saneamento básico.

No Brasil, o estudo estima que somente um terço da população rural tem acesso a serviços básicos de higiene e quase metade não dispõe de água potável. A situação ficou estagnada em 14 anos (1990-2004), refletindo a insuficiência de investimentos. Isso significa que o país precisará fazer mais "esforços" para alcançar o objetivo de elevar o total da população com acesso aos serviços sanitários básicos. Hoje, eles alcançam 75% da população, de 184 milhões de pessoas.

O país já alcançou o objetivo de dar acesso a água potável a cerca de 90% da população, embora com fragilidades na zona rural. Mas esse progresso, sobretudo na área urbana, é considerado insuficiente pela OMS, já que o êxodo rural incha as grandes cidades e aumenta as pressões por serviços básicos e de saúde. "Como país emergente, os dados do Brasil não estão tão bons", avalia o brasileiro José Hueb, coordenador do programa de monitoramento global da OMS sobre acesso a água e saneamento.

O número de pessoas com água encanada no país passou de 74% a 79% em 14 anos, embora na zona rural tenha caído de 28% para 17% da população. A partir de 2007, a população urbana mundial será maior do que a população rural.