Título: Petrobras investirá US$ 1,7 bi em refinarias
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2004, Empresas, p. B7
A Petrobras anunciou na sexta-feira novos investimentos, no valor total de até US$ 1,7 bilhão, em quatro das suas 11 refinarias de petróleo, a maior parte deles para melhorar a qualidade da gasolina produzida no Brasil com o objetivo de exportar o produto para os mercados europeu e americano. O maior investimento, no valor total de US$ 800 milhões, será na na Refinaria Henrique Lage, localizada em São José dos Campos (SP). Segundo a direção da empresa, os recursos para a reforma na unidade, mais conhecida como Refinaria do Vale do Paraíba (Revap), sairão do remanejamento do empréstimo feito pelo japonês JBIC (Japan Bank for International Coperation), o banco de fomento do Japão, para a construção ligando a bacia produtora de petróleo de Campos (RJ) a São Paulo. Com as obras, a Petrobras pretende melhorar não apenas a gasolina, mas todo o mix de derivados de petróleo produzido na Revap. De acordo com o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto da Costa, entre o início de 2005 e meados de 2006 serão também realizadas obras para melhorar a gasolina produzida nas refinarias de Cubatão (SP), Araucária (PR) e Betim (MG). Cada uma delas receberá investimentos entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões. A Petrobras busca, fundamentalmente, reduzir o teor de enxofre da gasolina que produz. A meta da estatal é baixar o teor das atuais mil partes por milhão (ppm) para 80 ppm em 2009. Para o óleo diesel, a meta é reduzir de 2.000 ppm para 50 ppm em 2009. Até a metade de 2005 a estatal pretende concluir as obras em andamento na refinaria Alberto Pasqualini (Refap), localizada em Canoas (RS), orçadas em US$ 900 milhões. Além da melhoria dos produtos refinados, as obras na Refap estão aumentando a capacidade de refino da unidade de 126 mil para 189 mil barris de petróleo por dia. Além disso, a Refap passará a produzir propeno (produto petroquímico básico) para o pólo petroquímico de Triunfo. O investimento total da Petrobras para 2005 vai ser de aproximadamente US$ 7 bilhões, dentro da programação prevista no plano de negócios da estatal até 2010. Em café da manhã com jornalistas, na sexta-feira, o presidente da empresa, José Eduardo Dutra, disse que a auto-suficiência do país em derivados de petróleo deverá mesmo ser atingida, na média, em 2006, embora ele acredite que já no final de 2005 o pico de produção diária empatará com a demanda diária do país por combustíveis. Em 2004 a Petrobras está amargando uma queda de aproximadamente 3% na sua produção de petróleo, a primeira desde o começo dos anos 90. Segundo Dutra, isso ocorreu porque nenhuma nova unidade produtora entrou em operação ao longo do ano. As plataformas P-43 e P-48, que deveriam ter começado a produzir, não ficaram prontas no prazo. A P-43 só agora está entrando em operação e a P-48 só em 2005. Diante desse quadro, Dutra afirma que a queda de apenas 3% "é um feito". Segundo ele, a média internacional de decréscimo da produção quando não entram novas unidades é de 10%. A produção, que foi de 1,54 milhão de barris/dia em 2003, caiu para aproximadamente 1,5 milhão neste ano. Em 2005 a estatal espera que a produção atinja 1,72 milhão de barris/dia, crescendo 15%. Dutra afirmou que as preços dos combustíveis no Brasil não estão desalinhados em relação ao mercado internacional.