Título: Aportes das cooperativas alcançam R$ 2,77 bilhões
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2004, Agronegócios, p. B10

As cooperativas agrícolas elevaram os investimentos em 8,6% em 2004, passando de R$ 2,55 bilhões para R$ 2,77 bilhões, segundo estimativa da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Desse total, os financiamentos obtidos junto aos bancos - tanto o crédito do Plano de Safra quanto o oferecido pelas instituições financeiras a juros livres - cresceram 8,1%, para R$ 2,27 bilhões. Os recursos captados em parcerias com fornecedores de insumos e tradings aumentou 11%, para R$ 500 milhões. Márcio Freitas, presidente da OCB, afirma que a captação junto a fornecedores e tradings aumentou com mais intensidade porque a oferta de recursos oficiais é menor que as necessidades do agronegócio. Há estimativas de que a demanda por crédito seja de R$ 100 bilhões, enquanto o Plano de Safra oferece R$ 46,5 bilhões. "Como outras empresas, as cooperativas buscam recursos fora do crédito oficial para garantir investimentos." Do total aplicado, R$ 885,3 milhões foram investidos em fábricas e em armazenagem. Marco Aurélio Fuchida, superintendente da OCB, diz que as cooperativas investiram em média 39% dos recursos em infra-estrutura, o que permitiu aumento de 25% na capacidade de armazenagem nos últimos dois anos, para 25 milhões de toneladas. Elas produzem 43 milhões de toneladas de grãos/ano e respondem por 30% da produção de café e de soja, 35% de carne, 40% de algodão e 62% de trigo.

Em parte graças aos investimentos, as cooperativas aumentaram a receita em 10,8% no ano, para R$ 36 bilhões. Freitas disse que o aumento deveu-se ainda à alta da soja no primeiro semestre e ao aquecimento nas áreas de café, suínos e frango. Para 2005, ele estima redução no ritmo de crescimento da receita devido aos preços deprimidos da soja, milho e trigo, mas o crescimento nas áreas de café, frango e suínos pode superar perdas nas demais áreas. Ainda assim, a receita das cooperativas deve crescer mais que o PIB do agronegócio, acredita Freitas. Segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio deve crescer 2,2% em 2005 dos atuais R$ 524,5 bilhões. Boa parte do avanço na receita das cooperativas está relacionado ao aumento das exportações. Segundo a OCB, as vendas externas das cooperativas devem alcançar US$ 1,7 bilhão, 30% mais que em 2003. No primeiro semestre, as exportações somaram US$ 1,054 bilhão, 85% mais que em igual período de 2003. O volume cresceu 73%, para 4,049 milhões de toneladas. É é para exportar mais que a mineira Cooperativa Central de Produtores Rurais (CCPR), dona da marca Itambé está ampliando seus investimentos. A cooperativa concluiu aporte de R$ 42,6 milhões na unidade em Sete Lagoas (MG) e iniciou em novembro um projeto para instalar duas fábricas, com investimento de R$ 200 milhões para aumentar a capacidade em 50%, para 4,5 milhões de litros de leite por dia. "O crescimento virá das exportações", disse Jacques Gontijo, vice-presidente. A Itambé exportou US$ 25 milhões neste ano, 8% da receita total estima da R$ 1,15 bilhão, e espera elevar esse índice para 15% em 2005. Já a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) investiu no ano R$ 65 milhões, em uma esmagadora de soja, três armazéns e um centro tecnológico, em Goiás. Para 2005, a cooperativa estuda investir em um armazém em Santa Helena (GO), e uma caldeira de energia. "O investimento vai depender do desempenho da soja e de financiamentos", disse Antonio Chavaglia, presidente da Comigo. A cooperativa espera faturar R$ 900 milhões neste ano e R$ 1 bilhão em 2005.