Título: França perde prestígio, mas Itália é que pagará a conta mais alta
Autor: Moreira,Assis
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2011, Finanças, p. C2

A França, do presidente Nicolas Sarkozy, teve o prestígio abalado com a perda do triplo A, mas é a Itália o país que mais pode ser afetado pelo rebaixamento da sua nota de classificação de risco pela Standard & Poor"s na sexta-feira. É que a Itália precisa financiar €440 bilhões só em 2012, mais do que os outros países da zona do euro. Nada menos de €130 bilhões vencem até março.

O sentimento no mercado já era de que se o rebaixamento do "rating" fosse de dois níveis para a Itália, como ocorreu, o impacto no mercado poderia ser duradouro.

Até agora, a Itália estava pagando cerca de 7% ao ano para captar no mercado, apesar de compras substanciais de papéis pelo Banco Central Europeu (BCE) no secundário. Em comparação, a Alemanha paga 1,7% ao ano nos títulos de dez anos.

As revisões feitas pela S&P reforçam ainda mais a divisão por grupos dentro da zona do euro. O primeiro é o das economias mais sólidas, com o triplo A, a melhor nota de crédito possível: Alemanha, Finlândia, Luxemburgo e Holanda. A tendência é que também esse grupo sofra revisões, porque a nota alemã está em "perspectiva negativa".

A segunda categoria inclui países sólidos, mas que já não oferecem a segurança máxima para os investidores. É o caso da França, Áustria, Bélgica e Estônia.

Países com certa dificuldade formam o terceiro grupo: Espanha, Itália, Eslovênia, Eslováquia, Irlanda e Malta. Em 2009, a Espanha tinha o triplo A. Os papéis italianos estão a dois nível da categoria de "podres".

O último grupo é o dos países com títulos públicos classificados agora como "podres" e com acesso quase fechado ao mercado de créditos: Grécia, Portugal e Chipre.

A expectativa sobre calote da Grécia aumentou de 40% para quase 100% desde janeiro de 2011.)