Título: Datafolha traz Lula 24 pontos à frente de Alckmin
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 06/09/2006, Política, p. A8

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que o eleitor vai querer um segundo turno das eleições de outubro para ter mais segurança na escolha do novo presidente. As últimas pesquisas eleitorais, no entanto, mostram que aumentou a vantagem do adversário de Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"No segundo turno, nossa chance de ganhar é muito grande porque nossa taxa de rejeição é muito baixa. Nosso adversário (Lula) vai ter um segundo turno muito difícil", afirmou Alckmin durante a sabatina promovida pela "Folha de S.Paulo", que começou na segunda-feira o ciclo de debates com os presidenciáveis.

O candidato também contestou algumas das principais críticas a sua campanha: a de que oculta a ligação com o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no horário eleitoral, ou de que seja "esquecido" na propaganda de aliados de partido. "Observe a minha campanha, ninguém aparece. Não sou o candidato do PT, que precisa andar de muleta", afirmou.

Alckmin justificou sua ausência no horário eleitoral do candidato ao governo paulista, José Serra, por motivos de legislação. Segundo ele, se Serra usar a sua imagem na campanha pode ser punido por fazer campanha presidencial no espaço estadual, ou vice-versa.

O candidato tucano dedicou boa parte da sabatina para explicar um dos principais pontos de seu discurso: a defesa de uma melhoria nos gastos públicos bem como fazer críticas ao titular do Planalto: "Nós estamos jogando fora todas as oportunidades (de crescer). Se eu fosse definir este governo, além da roubalheira inadmissível, é o governo que perdeu todas as oportunidades".

"Não tem solução (para cortar os gastos públicos) se o país não crescer. E hoje os gastos crescem numa velocidade maior que a economia. O Lula não teve uma medida prática para reduzir os gastos públicos. Você não precisa ter tantos cargos de confiança", acrescentou.

O candidato ainda prometeu que manteria o Bolsa Família em um eventual mandato à frente do Palácio do Planalto, mas acusou o presidente Lula de não criar contrapartidas ao programa. Alckmin também afirmou que o Bolsa Família continua a chamada "rede de proteção social" criada no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, mas sem criar contrapartidas.

"No Nordeste, no período do Fernando Henrique houve uma redução da evasão escolar. Agora, a evasão que era de 5% aumentou para 9%", disse o candidato em uma referência ao programa de FHC que exigia a presença escolar de crianças das famílias beneficiadas para o pagamento dos recursos.

Alckmin disse que apóia a transposição do rio São Francisco, mas com duas pré-condições: a revitalização do rio e o término de obras interrompidas de irrigação no Nordeste. O candidato afirmou também que pretende lançar um projeto para investir em obras estruturantes para a região. A transposição do Rio São Francisco é uma das propostas de investimento em infra-estrutura mais polêmicas do governo Lula e motivou a greve de fome por parte do bispo de Barra (BA), dom Luís Flávio Cappio, no ano passado.