Título: Mais bancos vão atrás das médias empresas
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2004, Finanças, p. C1

Um número crescente de bancos está buscando vender hedge cambial para as pequenas e médias empresas. "A demanda mais fácil, da grande empresa que queria ganhos financeiros com o hedge, acabou", concorda Alberto Gaidys, diretor do BankBoston. "É na média empresa que está o tesouro", diz Jorge Sant'anna, diretor técnico da Cetip, que está lançando inúmeros produtos novos de hedge cambial com foco nas pequenas e médias. O trabalho para os bancos é mais difícil. Nem sempre a média empresa tem um departamento financeiro, a gestão de risco quase sempre é inexistente e a compreensão do complexo mundo dos derivativos exige esforço. O dono da empresa geralmente participa das decisões financeiras e precisa ser convencido da necessidade do derivativo. "É preciso todo um trabalho de consultoria voltado para as empresas pequenas e médias", diz José Berenguer, vice-presidente executivo do Real ABN AMRO, que já atua no setor há anos. Além disso, o custo operacional de operações menores muitas vezes é proporcionalmente maior, lembra um especialista do Itaú que preferiu não se identificar. Após a separação com o Itaú BBA, o Itaú S.A. passou a focar mais o trabalho com a média e pequena empresa. De uma forma geral, uma operação de "swap" (troca) de dívida em reais por dólar tem spread de 0,20% sobre o valor total do ativo-base (notional) do contrato para a grande empresa, com relação aos 0,4% a 0,5% para a média. Para evitar que as perdas de uma empresa com um banco passem o limite de crédito dessa empresa e para viabilizar operações que hoje não acontecem, a Cetip pretende lançar no primeiro semestre de 2005 o contrato de "swap" com "reset" - a Cetip vai calcular o valor diário de mercado das posições e liquidar o contrato assim que ele bater no limite máximo de crédito. Hoje, os bancos fazem "swap" com "reset" nas operações de longo prazo com grandes empresas, mas seus próprios departamentos financeiros calculam no braço o valor das posições com alguma periodicidade. Mas, se os contratos forem muitos e de valor menor, feitos com as pequenas e médias empresas, o cálculo do valor de mercado no próprio banco se torna inviável, diz Sant'anna. Também no início do ano que vem a Cetip quer criar o contrato a termo com barreira, que vai limitar perdas para empresas menores. Outro produto em gestação é o "swap" de fluxo de caixa, que vai permitir que em só um contrato padrão de "swap" seja incluído todo o fluxo de pagamento, por exemplo, de uma dívida. Hoje, uma dívida que será paga em 36 parcelas acaba gerando 36 contratos, conta Sant'anna. (CPL)