Título: Greve geral na Bolívia em 4 províncias da oposição
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/09/2006, Internacional, p. A11

Quatro departamentos (províncias) da Bolívia governados por partidos de oposição convocaram ontem uma greve geral para sexta-feira. A iniciativa é uma reação à tentativa do governo do presidente Evo Morales de mudar as regras da Assembléia Constituinte - em vigor há um mês - para que esta aprove decisões por maioria simples e não por dois terços, como prevê a Constituição atual.

Os líderes da oposição classificam como totalitária a tentativa do governo. Governadores, parlamentares, constituintes e líderes comunitários de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija anunciaram que haverá mais protestos até que o governo se comprometa a, segundo eles, respeitar a lei e a democracia.

As regiões oposicionistas ocupam dois terços do território da Bolívia, abrigam um terço da população e produzem 43% do PIB. É lá onde estão 85% das reservas de hidrocarbonetos da Bolívia. Se a greve se concretizar, será o maior desafio enfrentado por Morales desde que tomou posse.

Na sexta-feira, o MAS impôs um regimento que prevê a aprovação por maioria simples na Constituinte. Os oposicionistas, Poder Democrático e Social (Podemos), o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) e a União Nacional (UN) abandonaram a Constituinte em protesto.

Além da questão em torno dos votos necessários para aprovação de mudanças pela Constituinte, outro ponto causa polêmica.

A Constituinte está parada desde que foi instalada. Os parlamentares constituintes não conseguiram nem definir as regras para os debates. Morales reitera que existe uma "conspiração" da oposição contra a Constituinte, contra seu governo, contra a nacionalização dos hidrocarbonetos - medida anunciada em maio - e contra sua intenção de "refundar a Bolívia".