Título: Efeito clima e quadro de oferta e demanda guiam preços
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2006, Agronegócios, p. B12

O efeito clima pontuou o rumo das principais commodities agrícolas no mês de agosto. Em Nova York, os destaques ficaram para o café e suco de laranja, que registraram a maior variação positiva entre os produtos negociados na bolsa. Em Chicago, todos grãos recuaram, guiados, pelo segundo mês consecutivo, pelo chamado "weather market".

Segundo cálculos do Valor Data, baseados no preço médio mensal dos contratos futuros de segunda posição de entrega das principais commodities agrícolas negociadas nas bolsas internacionais, o suco registrou a maior alta em Nova York (9,43%), seguido pelo café (8,54%). A maior queda foi a do açúcar (16,05%). Em Chicago, a soja teve a maior queda (5,47%).

A temporada de furacões pontuou o mercado de suco de laranja no mês de agosto, segundo Michael McDougall, da Fimat Futures. Os contratos de segunda posição do suco ficaram na média em US$ 1,7876 a libra-peso, 9,43% acima de julho. "O período de formação de furacões vai até a segunda semana de setembro", observou.

No caso do café, as especulações sobre clima seco nas principais regiões produtoras do Brasil deram o tom altista ao grão, reforçado pela menor oferta de café robusta no mercado internacional, disse Rodrigo Costa, da Fimat. Os contratos de segunda posição do café ficaram na média em US$ 1,0880 a libra-peso, 8,54% acima de julho.

O algodão teve variação positiva de 3,9%, com os contratos de segunda posição 55,64 centavos de dólar por libra-peso na média, reflexo do clima seco no Texas, maior produtor da pluma nos EUA, afirmou Fernando Martins, da Fimat.

O açúcar e o cacau foram a exceção em Nova York. No caso do açúcar, o recuo da demanda e liquidação dos fundos derrubaram os preços da commodity, cujos contratos de segunda posição ficaram na média em 13,64 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 16,05%. Os contratos de segunda posição do cacau ficaram em média a US$ 1.543,43 a tonelada, baixa de 4,43%, provocada por vendas especulativas, disse Thomas Hartmann, da TH Consultoria.

Em Chicago, a pressão climática sobre a safra americana de soja, milho e trigo deu o tom baixista aos preços, segundo Vinícius Ito, da Fimat. A soja teve o maior recuo, com os contratos de segunda posição na média de US$ 5,6455 o bushel, queda de 5,47%. "As chuvas de julho e agosto beneficiaram as lavouras." O milho também recuou por conta da boa safra nos EUA. A queda poderia ter sido maior, mas foi freada pela boa demanda para etanol. Os contratos de segunda posição ficaram na média em US$ 2,4646 o bushel, com recuo de 4,33%. No caso do trigo, o clima tirou o suporte dos preços nos EUA. Mas a boa demanda e clima seco no hemisfério sul deram um pouco de sustentação aos preços. Os contratos de segunda posição ficaram na média em US$ 4,0162 o bushel, queda de 2,08%.