Título: Redes menores são as que mais crescem
Autor: D'Ambrosio, Daniela e Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2006, Empresas, p. B4
Apesar do forte investimento na expansão e na abertura de novas lojas, as três maiores varejistas do país - Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart - não estão entre as redes com maior crescimento do faturamento e produtividade em 2005. Levantamento feito pela revista Supermercado Moderno, com base nos dados de 800 varejistas em 2005, destaca empresas de menor porte e com atuação regional, como G. Barbosa (SE), Zaffari (RS) e Sonda (SP).
O maior aumento de faturamento entre as varejistas com receita acima de R$ 500 milhões foi registrado pelo G. Barbosa, rede com atuação no Nordeste, que foi da holandesa Ahold e hoje está nas mãos do fundo de private equity Acon.
A rede sergipana com 35 lojas saiu de um faturamento de R$ 1,03 bilhão em 2004 para R$ 1,23 bilhão no ano passado (alta de 19,06%). "O fundo aumentou o tamanho de algumas lojas e passou a oferecer mais opções de compras, como açougue, farmácia e eletroeletrônicos", diz Robert Macody Lund, presidente da Editora Informa, responsável pela pesquisa. "Também ampliaram o horário de funcionamento, fatores que contribuíram para aumentar o faturamento", diz. O segundo maior aumento de receita entre os grandes grupos foi conseguido pela paraense Yamada - dona de 15 lojas e com 4,6 mil funcionários.
Ainda entre as redes com receita acima de R$ 500 milhões, quem teve o maior aumento de produtividade (média entre o crescimento de faturamento por metro quadrado e do faturamento por funcionário) foi o Sonda, com 15 lojas, 3,7 mil empregados e R$ 752 milhões de receita. O índice de produtividade cresceu 16,5% em 2005. Segundo Lund, a varejista diminuiu o ritmo de abertura de lojas, investiu em um centro de distribuição e implantou um programa de redução de custos. O segundo maior aumento de produtividade, de 9%, foi obtido pela gaúcha Zaffari.
Entre os menores - supermercados com faturamento de até R$ 200 milhões - quem se sobressaiu foi a mineira Verde Mar, cuja expansão foi de 47,4%, passando de R$ 56,5 milhões para R$ 83,4 milhões. Já o destaque em produtividade foi alcançado pelo Econ, da CBA (Companhia Brasileira de Alimentação). Criada pelo Bank of America, a rede passou por uma reestruturação depois de adquirida pela CBA no início de 2004. Desde então, o número de lojas caiu de 95 para 47. O faturamento, porém, manteve-se na casa dos R$ 125 milhões. Resultado: só no ano passado, a produtividade cresceu 44%.
A rede mudou o conceito das lojas de 'hard discount' para lojas de vizinhança. "Aumentamos o mix de produtos de 1,1 mil itens para 2,5 mil por loja, mudamos o lay-out para deixar as lojas mais agradáveis e alteramos o padrão de investimento", afirma Milton Bonato, diretor de mercado.
Na categoria de supermercados de médio porte - com faturamento entre R$ 201 milhões e R$ 500 milhões - quem mais cresceu foi a rede de Ribeirão Preto Gimenes, seguida pela catarinense Giassi, cujo faturamento subiu 20,6%, saindo de R$ 320 milhões para R$ 386 milhões no ano passado.
O presidente Zefiro Giassi diz que a rede tem se movimentado para ganhar mercado. O grupo antes concentrava suas operações em cidades da região sul do Estado como Tubarão e Criciúma, abriu no fim de 2004 sua primeira unidade no norte de Santa Catarina, em Joinville, e para o ano que vem prepara investimentos em mais uma loja na região.
Segundo o executivo, o bom desempenho nas vendas decorreu principalmente dessa estréia na maior cidade do Estado. Ele explica que a loja de 6 mil metros quadrados, a maior em espaço físico da rede até agora (as demais têm entre 2,5 mil e 5,5 mil), representou sozinha cerca de 10% do faturamento, impactando positivamente no desempenho da rede.
A Giassi, hoje a segunda maior rede catarinense, atrás somente da rede Angeloni, tem oito lojas em Santa Catarina e 2,3 mil funcionários. Zefiro, que deu início aos negócios nos anos 60, diz que não há ainda planos de sair de Santa Catarina, rumo ao Paraná ou ao Rio Grande do Sul, como alguns varejistas catarinenses têm procurado fazer.
"Não é que não acreditamos em outros Estados, mas acreditamos que ainda há espaço para mais lojas em Santa Catarina, o que considero melhor para os negócios pela proximidade com a matriz", diz. A chegada da Wal-Mart ao Estado, algo que o varejo regional ressabiava, não alterou os planos da rede Giassi. Para Zefiro, não há mudanças até porque não houve grande impacto da chegada da multinacional, que não veio nem com uma agressividade significativa de preços, nem com expansão de lojas.