Título: Índia desacelera, mas a inflação continua elevada
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Fonte: Valor Econômico, 01/12/2011, Internacional, p. A12

A economia da Índia teve no período julho-setembro a pior expansão desde o segundo trimestre de 2009. Diante de um cenário de inflação elevada e altas taxas juros, que sufocam os investimentos das empresas, analistas preveem mais desaceleração para 2012.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,9% no terceiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2010, de acordo com dados divulgados ontem pelo Escritório Central de Estatísticas. Para muitos economistas, esse resultado torna bastante improvável que a meta oficial de 8,5% para o ano fiscal de 2012 seja atingida.

A inflação de 9,7% fez com que o Reserve Bank of India (o banco central do país) elevasse as taxas de juros em 375 pontos-base em 13 altas desde o início do ano passado. Ao mesmo tempo, o crédito e as exportações foram afetados pelo fraco desempenho da economia global. Internamente, a paralisia do governo, prejudicado por escândalos de corrupção, freou os investimentos e colaborou para desvalorizar a rúpia a níveis recordes.

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"Altas taxas de juros, incertezas sobre as reformas, acusações de corrupção e condições globais recessivas projetam uma grande sombra sobre o crescimento da Índia", disse Rohini Malkani, economista do Citigroup em Mumbai. "O que é preocupante é que as perspectivas para o ano que vem também não parecem otimistas."

Abheek Barua, economista-chefe do HDFC Bank, concorda: "Há claramente um cenário de desaceleração, em grande parte movido por um ciclo de investimentos declinantes. As manifestações disso serão bem mais agudas no ano que vem". Ele calcula que o PIB do ano que vem será de 7% - insuficiente num país em que, segundo os governantes, é preciso de crescimento ao redor de 10% para absorver milhões de novos trabalhadores que entram no mercado e tirar dezenas de milhões da pobreza.

Segundo a agência de estatísticas, a produção industrial da Índia teve uma alta de apenas 2,7% no terceiro trimestre - contra um desempenho de 7,2% no período abril-junho. Os investimentos privados e estatais apresentaram um recuo de 0,6% no terceiro trimestre, após um ganho de 7,9% no período imediatamente anterior.

A rúpia teve uma desvalorização de 6,7% em relação ao dólar em novembro - a maior desde março de 1992. A queda acumulada no ano é de 14,4%. Ontem, eram necessárias 52,21 rúpias para comprar um dólar.