Título: Montadoras pedem incentivos na Argentina
Autor: Marli Olmos e Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 10/12/2004, Brasil, p. A2
A indústria automobilística decidiu estender ao governo argentino as reivindicações já encaminhadas ao Brasil para a criação de um plano de estímulos para ampliar o mercado interno de veículos. A proposta surgiu em reunião, esta semana, em Buenos Aires, entre os dirigentes da Anfavea e Adefa, que representam a indústria automobilística no Brasil e Argentina, respectivamente. A reivindicação já encaminhada ao governo do Brasil visa um plano de longo prazo com benefícios que vão da redução de impostos a linhas de financiamento especiais. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o interesse do governo em fechar acordo com as montadoras já em 2005. A possibilidade de contar com incentivos no Brasil é uma forma de pressionar o lado argentino a seguir o mesmo exemplo. Para as filiais das montadoras na Argentina, a união com as empresas brasileiras deve servir para que o setor seja menos vulnerável à pressão do governo. Uma fonte da indústria local disse ao Valor que a idéia é formular políticas comuns para não ser atropelado por decisões oficiais que podem ir contra os interesses das montadoras. A iniciativa ganha importância no momento em que se começa a discutir a prorrogação do acordo automotivo além de janeiro de 2006, considerada certa por empresas e governo. Um discurso usual na Argentina é criticar os incentivos dados pelo Brasil à instalação de empresas. Há algumas semanas o vice-governador de Córdoba, Juan Chiaretti, sugeriu a cobrança de Imposto de Importação para carros da Renault e da Fiat importados do Brasil, como forma de pressionar as duas empresas instaladas na província. A primeira produz pouco e a segunda está com a linha de montagem parada. No Brasil, a Anfavea divulgou nota explicando que a unificação das agendas de discussões das agendas do setor no Brasil e Argentina também visa os acordos internacionais de comércio e a expansão das exportações do Mercosul.