Título: País cria mais 299 mil vagas e bate recorde
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 17/09/2010, Economia, p. 12

Nordeste lidera a formalização em agosto e fica acima da média nacional, de 0,86%. Já o DF ficou abaixo, com avanço de 0,32%

O ritmo da geração de postos de trabalho com carteira assinada voltou a crescer em agosto, após três meses consecutivos de desaceleração, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram criados 299.415 empregos, um recorde histórico para o oitavo mês do ano. No acumulado de janeiro a agosto, o saldo é de 1,9 milhão de vagas formais, o que representa um crescimento de 5,92% em relação a igual período de 2009. Percentualmente, o Nordeste puxou o desempenho nacional, com um incremento de 1,32% no número de carteiras assinadas em relação a julho, ao passo que, na média do país, esse avanço foi de 0,86%.

Todos os estados que cresceram acima de 1% no mês estão localizados nas regiões Norte e Nordeste. Já nos locais onde a economia é melhor estruturada, a expansão ficou abaixo da média nacional, como São Paulo (0,8%), Minas Gerais (0,78%) e Distrito Federal (0,32%). Por ironia, o economista Tiago Oliveira, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), atribui esse resultado exatamente ao peso da informalidade nas economias nortistas e nordestinas, onde a ausência de vínculo empregatício é maior que no Sul e no Sudeste. Desde 2004, o país observa um movimento de formalização. Essa mudança é mais intensa onde há, proporcionalmente, mais postos sem carteira assinada, explicou.

O ministro do trabalho, Carlos Lupi, prevê que os próximos meses serão de recordes sucessivos, devido à pujança econômica e a fatores sazonais, como a contratação de temporários. Outro destaque foi o Rio de Janeiro, onde o saldo foi de 24.921 empregos com carteira assinada, melhor resultado de todos os tempos já observado no estado. Na avaliação de Lupi, o bom desempenho dos fluminenses é reflexo dos primeiros investimentos para a Copa do Mundo de futebol e para as Olimpíadas.

Setores

Em valores absolutos, o setor de serviços continua como o que mais gera empregos no país, com saldo de 128,2 mil vagas. A construção civil, entretanto, é o setor que mais cresce proporcionalmente, com incremento de 1,59% no montante de vagas geradas. Na indústria da transformação, o resultado é de 70,3 mil empregos, o que representa um crescimento de 0,9%, o segundo melhor resultado para meses de agosto na série do Caged, que teve início em 1992.

A agricultura foi o único setor que registrou queda do emprego no mês passado, com variação negativa de 11,2 mil vagas. O ministro do trabalho minimizou esse resultado específico, alegando que o fraco desempenho está ligado à sazonalidade da entressafra no centro-sul do país, principalmente em relação ao café em Minas Gerais e em São Paulo. Apesar das demissões, setores como o cultivo da cana-de-açúcar em Pernambuco e na Paraíba teve desempenho positivo. A produção alimentícia e sucroalcooleira foi a responsável pela maior parte dos postos criados no Nordeste.