Título: Ministro nega denúncias de favorecimento a seu Estado
Autor: Resende ,Thiago
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2012, Política, p. A8

Ao tentar se defender da acusação de que teria privilegiado o próprio Estado na distribuição de verbas do Ministério da Integração Nacional, o ministro Fernando Bezerra apresentou ontem dados apontando que Pernambuco recebeu 45% dos recursos de 2011 para ações de prevenção de desastres naturais, mas disse que "não existe política partidária". O motivo para o grande volume de repasses para o Estado, segundo ele, seria a apresentação de projetos mais urgentes e mais consolidados.

Dos R$ 218,7 milhões empenhados para prevenção em todo o país, Pernambuco recebeu R$ 98,3 milhões, segundo o ministério. A construção de três barragens no Estado corresponde a cerca de R$ 70 milhões. Questionado se teria beneficiado os projetos pernambucanos, o ministro se defendeu: "Qualquer brasileiro que estivesse sentado nessa cadeira teria liberado esse dinheiro". A escolha foi com base em critérios técnicos, aval da Presidência e de outros ministérios. O orçamento das barragens, segundo Bezerra, foi aprovado pela presidente Dilma Rousseff. "A presidente sabia dos repasses", reforçou.

O excesso de chuvas em 2010 causou uma tragédia em Pernambuco e Alagoas. Mas o Estado do ministro recebeu cerca de dez vezes mais recursos no ano passado, incluindo verbas para prevenção, reconstrução e ações de resposta a desastres, como assistência médica. Pernambuco recebeu 13,7% dos valores desembolsados pela Pasta em ações de catástrofes no período, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, que obteve 30,6% do montante pago.

A denúncia de que Pernambuco teria sido privilegiado na distribuição de recursos do Ministério da Integração Nacional mobilizou a oposição no Congresso, mesmo em recesso parlamentar. O PPS protocolou, ontem, um pedido de esclarecimentos ao ministro a respeito do levantamento da organização Contas Abertas que aponta concentração em Pernambuco de 90% das verbas federais contra enchentes. Bezerra decidiu antecipar a volta das férias após conversar com a Defesa Civil e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sobre a "intensificação do quadro de chuvas", disse o ministro.

As consequências do grande volume de chuvas em Minas Gerais se agravaram desde o começo do ano. O número de cidades mineiras em situação de emergência sobe a cada dia. Somente ontem, mais de dez municípios foram incluídos na lista. Dados apresentados pelo ministro mostram que R$ 10 milhões foram empenhados para prevenção de desastres no Estado, montante menor que Ceará, Espírito Santo, São Paulo e Pernambuco.

Durante explicações dadas ontem à tarde para a imprensa, o ministro não anunciou medidas a respeito dos problemas provocados pela chuva em cidades mineiras. Uma equipe do ministério que visita o Estado deve passar "as demandas que certamente deverão surgir do governo de Minas Gerais e dos municípios [...], mas até o momento não temos as formalizações dos pedidos no ministério", afirma Bezerra.

O ministro também participou, ontem, de uma reunião coordenada por Gleisi para articular a resposta do governo aos desastres. No encontro, estiveram presentes os ministros dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante. Passos apresentou um levantamento que aponta a ocorrência de 18 danos a rodovias federais causados pelas chuvas, sendo 16 somente em Minas Gerais.

Bezerra e Gleisi também negaram uma suposta intervenção da Casa Civil na liberação de recursos da Integração Nacional. Ambos reagiram a uma reportagem do jornal "O Globo", informando que Dilma teria decretado uma "intervenção branca" da Casa Civil na execução orçamentária do ministério. Em nota, Gleisi afirmou que a informação teria "por objetivo disseminar