Título: Inflação cai e favorece redução de juros na Europa
Autor: Moreira,Assis
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2012, Internacional, p. A11

A inflação na zona do euro caiu de 3% em novembro para 2,8% em dezembro e tende a baixar mais. No entanto, analistas duvidam que isso possa frear o declínio nos gastos das famílias, enquanto a economia do bloco desliza para uma nova recessão.

A expectativa no mercado é que, se o preço do barril de petróleo não subir de novo, a inflação na zona do euro pode ficar abaixo de 2% na metade do ano, inferior ao limite de estabilidade de preço fixado pelo Banco Central Europeu (BCE).Em todo caso, isso facilita a tarefa do BCE de continuar cortando os juros nos próximos meses. O banco já reduziu a taxa para 1% e está oferecendo liquidez ilimitada para os bancos, mas o sistema bancário resiste a aumentar o crédito para a economia real.

A inflação está caindo globalmente, e a expectativa é que os bancos centrais aproveitem para ampliar os esforços para estimular a atividade em 2012. Nos EUA, analistas acreditam que o Federal Reserve anunciará a manutenção de juro próximo de zero para além de junho de 2013.

A queda na inflação nos 17 países da zona do euro é atribuída principalmente à baixa nos custos de alimentos e energia. Isso deve dar um fôlego às famílias, mas não estimular consumo. Apesar do declínio do desemprego na Alemanha em dezembro, a taxa de desempregados na zona do euro como um todo continua subindo. Isso, somado ao aperto fiscal, aumenta a relutância dos consumidores em gastar mais.

Surgem ainda assim sinais de melhora na zona do euro. A produção industrial continua no nível de contração, mas o ritmo de queda diminuiu. Ontem, foi a vez de ajustamento positivo no setor de serviços, com o Índice de Gerente de Compras (PMI) do setor aumentando 1,3 ponto, para 48,8, em dezembro.

Em meio à modesta melhora na Alemanha e na França, a alta reflete um cenário menos pessimista na Espanha. No geral, porém, a zona do euro continua em posição precária. E, para certos analistas, mesmo se as autoridades conseguirem pôr um fim na crise da divida soberana, a região dificilmente evitará a recessão neste ano.